Colunas Jornal Informe



Coluna 01/07/14

DIPLOMA DE HONRA AO
 MÉRITO ODONTOLÓGICO CATARINENSE

     Na semana passada, fomos agraciados pelo Conselho Regional de Santa Catarina com o “Diploma de Honra ao Mérito Odontológico Catarinense”. Tal homenagem nos surpreendeu e certamente envaideceu na mesma medida. Aceitei a honraria e gostaria de dividi-la e compartilha-la com todos meus colegas cirurgiões dentistas de nossa cidade.

     Sou formado há 18 anos, obtive minha graduação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, graduação realizada em 20/01/1996, data que até hoje eu lembro e comemoro, mesmo que seja apenas em casa com minha família.

     Após a graduação, voltei para Caçador, onde exerci minha profissão no SESI, de 1996 a 1998, na empresa Reunidas de 1996 até atualmente e também iniciei minhas atividades em consultório particular desde 03/07/1996, tendo mudado duas vezes de endereço, mas sempre mantendo o foco no atendimento de consultório. Atualmente, desde 2008, mantemos nosso consultório à Rua Altamiro Guimarães, 332.

     No ano de 2001 concluímos nossa especialização em Dentística Restauradora, pela Associação Maringaense de Odontologia, em 2002 o Curso de Tratamento da Halitose, com a Professora Olinda Tárzia e em 2009 concluímos o curso de Especialização em Odontologia do Trabalho.

     Acredito que a formação acadêmica continuada e o aperfeiçoamento constante são fundamentais para o bom atendimento e um dos caminhos para o sucesso profissional. Desde a formatura, participamos regularmente de cursos, congressos, simpósios que atualmente totalizam mais de 700 horas de atividades. Além disso, também realizamos apresentações de nossa autoria de painéis, palestras e monografias que complementam a atividade clínica, e nos deram a certeza que o melhor meio de aprender é quando ensinamos. O conhecimento só é válido quando transmitido.

     Desde que nos estabelecemos em Caçador, buscamos também o fortalecimento da classe odontológica, engajando-nos na Associação Brasileira de Odontologia - Regional Alto Vale do Rio do Peixe (ABO - Caçador), da qual já exercemos diversos cargos na diretoria, tendo sido presidente desta Associação no período de 2002-2003 e também tendo assumido o cargo de Delegado do Conselho Regional de Santa Catarina no município de Caçador de 2007 -2011. 

     Acredito que foi fundamentalmente este trabalho de classe, associado à atividade profissional que levaram a esta indicação de meu nome a esta honraria. Fico certamente envaidecido, orgulhoso e feliz por ter sido lembrado, ainda que não me considere merecedor de prêmios ou homenagens. De qualquer forma, aceitei a honraria com muita satisfação e felicidade. Gostaria de compartilhar esta homenagem com meus colegas cirurgiões dentistas de Caçador, que diariamente trabalham para que a profissão tenha cada vez mais o destaque que merece e que sempre teve destaque regional. A odontologia caçadorense é reconhecida como altamente capacitada, técnica e especializada. Isto é fruto do trabalho cotidiano de cada um dos Cirurgiões Dentistas de Caçador e gostaria de dividir com eles esta honraria.

     A Odontologia é uma ciência e também uma arte. Exige de seus profissionais destreza, conhecimento, habilidade e aplicação nas mesmas medidas. Quem ganha com toda esta eficiência e evolução é o paciente, que conta com profissionais cada vez melhor preparados para cuidar de sua saúde, além dos melhoramentos estéticos. Sinto-me realizado na profissão que escolhi e penso que é com a continuidade de trabalho, aprimoramento e esforço que continuaremos a exercer esta nobre profissão.




Coluna 31/05/14

APOSENTADORIA ANTECIPADA


     Diante da notícia veiculada na última quinta feira, relatando que o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal anunciou que estará deixando a Suprema Corte brasileira no final de junho, é necessário que façamos algumas reflexões.

    Nunca fui adepto da personificação dos cargos e do endeusamento de pessoas que ocupam cargos de poder. É o cargo que deve ser respeitado e reverenciado e não o seu ocupante transitório. Esta é a beleza do fortalecimento das instituições. 

     No entanto, o que distingue os integrantes do poder é exatamente o uso que fazem de suas funções. Entender que ao exercer determinada função, as possibilidades de interferir nos rumos e destinos de toda uma população podem ser alteradas, para melhor ou para pior, dependendo exatamente da sua conduta é uma tarefa que realmente diferencia as pessoas que ocupam estes cargos.

     O uso de que o ministro Joaquim Barbosa fez de suas atribuições, especialmente nos últimos quatro anos, é inegavelmente exemplar e suas firmes posições certamente geraram atritos, desafetos e detratores, que possivelmente em muito influenciaram nesta decisão.

     Antecipar a saída da presidência do Supremo e ainda, retirar-se da corte 11 anos antes do que seria o momento obrigatório, não deixa de ser surpreendente e significativo. 

     Raras vezes um ministro do Supremo se tornou uma personalidade tão popular e polarizou tanto opiniões. Joaquim Barbosa foi tratado como herói, aplaudido em lugares públicos e teve o rosto reproduzido em máscaras de Carnaval. Sua notoriedade fez dele um nome cogitado para a disputa da Presidência da República e os boatos em torno de sua saída do Supremo tinham todos como pano de fundo a hipótese de que ele, de fato, cedesse a essa tentação. 

     Na esquerda, em especial no PT, a imagem se inverte: primeiramente, ele foi visto como traidor, uma vez que sua indicação para a corte foi feita pelo ex-presidente Lula. À medida em que avançava o julgamento do mensalão, subiu o tom das críticas e petistas recorreram a vários tipos de ofensas. Para a militância mais exaltada – e inconformada com o fato de que lideranças do partido não tenham conseguido se safar de pagar na cadeia por seus crimes –, Joaquim Barbosa virou o inimigo número um do partido.

     Neste Brasil surreal, em que um ex-presidente afirma que só não descobriu o Brasil, porque Cabral nasceu antes, caso contrário ele mesmo teria descoberto, talvez diga-se ser normal que um presidente do Supremo decida antecipar sua aposentadoria por não suportar o convívio no mesmo plenário com o seu sucessor no comando da Corte.

     É normal?

     Tudo no Brasil é normal e aceitável?

     Certamente há setores que estão em festa com esta notícia. É mais que provável, diante das comprovadas regalias, que neste sábado haja feijoada no presídio da Papuda. 


     Miopia. Perderam a noção da cidadania e da garantia legal que o Poder Judiciário nos dá. Festejam o próprio enterro. Exaltam o desastre sem entender que também estão sob os escombros.




Coluna 10/05/14

DILMA É O CELSO PITTA DE LULA
(Adaptado do texto de Augusto Nunes)



     Ambos deslumbrados com os altos índices de aprovação registrados nas pesquisas de popularidade, o prefeito Paulo Maluf em 1995 e o presidente Lula em 2007 resolveram mostrar-se capazes de instalar qualquer nulidade no cargo que ocupavam. Para que cumprissem sem resmungos a missão de guardar o lugar do chefe, os escolhidos deveriam ser desprovidos de autonomia de voo e luz própria. Quanto mais medíocre, melhor.

     Maluf pinçou no secretariado municipal um negro economista. Lula pinçou no primeiro escalão federal uma mulher economista. Ao apresentar o sucessor, o prefeito repetiu que foi Maluf quem fez São Paulo. Mas quem arranjou o dinheiro foi um gênio da raça chamado Celso Pitta, secretário de Finanças. Ao apresentar a sucessora, o presidente reiterou que foi Lula quem pariu o Brasil Maravilha. Mas quem amamentou o colosso foi uma supergerente chamada Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil e Mãe do PAC.

     Obediente ao criador e guiado pelo marqueteiro Duda Mendonça, Pitta atravessou a campanha driblando debates e entrevistas, declamando platitudes e louvando o chefe de meia em meia hora. Como herdara uma cidade mais que perfeita, restou-lhe embelezá-la com espantos de matar alemão de inveja. Nenhum fez mais sucesso nos programas na TV do que o Fura-Fila, um veículo leve sobre trilhos instalados em viadutos. Grávido de orgulho com o desempenho do poste que fabricara, o padrinho ordenou aos eleitores que nunca mais votassem em Paulo Maluf se o afilhado fracassasse.

     Obediente ao criador e tutelada pelo marqueteiro João Santana, Dilma percorreu o circuito eleitoral driblando debates e entrevistas, gaguejando frases descartáveis e bajulando o chefe a cada 15 minutos. Como herdara um país pronto, restou-lhe acrescentar refinamentos que fariam do País do Carnaval uma Noruega com praia, samba e futebol. A campanha eleitoral nem começara quando os primeiros apitos do trem-bala anunciaram a chegada do Fura-Fila de Dilma. Grávido de confiança no poste que esculpira, o padrinho deixou claro que disputava o terceiro mandato disfarçado de Dilma, já conhecida nas lonjuras da nação como a “mulher do Lula”.

     São Paulo demorou três anos para descobrir que era governada pelo pior prefeito de todos os tempos. Descoberta a tapeação, os iludidos escorraçaram Pitta do emprego e Maluf nunca mais foi eleito para qualquer cargo executivo. Milhões de brasileiros já constataram que a nação é presidida por uma fraude. Os eleitores que ainda não enxergaram a vigarice são suficientemente numerosos para que a pior governante desde o Descobrimento continue a sonhar com um segundo mandato. Mas também sobram motivos para que a oposição acredite – e a última pesquisa Datafolha publicada nesta sexta-feira deixa ainda mais evidente – que uma era pode estar chegando ao fim.

     “Volta, Lula!” não é uma palavra de ordem. É um grito de medo. Não é a senha para a ofensiva. É um pedido de socorro inútil. Se a afilhada naufragar, o padrinho não escapará do abraço de afogado. Dilma Rousseff é o Celso Pitta de Lula.





Coluna 26/04/14


A FÓRMULA MÁGICA PARA ACABAR COM A CORRUPÇÃO NO BRASIL


O Brasil tem uma triste tradição de escândalos de corrupção através de operações fraudulentas com o dinheiro público, buscando benefícios pessoais ou vantagens para grupos específicos com isto.

Segundo especialistas, a corrupção está ligada a vários fatores, entre eles a fragilidade das instituições democráticas, como a Justiça, a ausência de mecanismos de fiscalização desses órgãos e, muito especialmente, a impunidade, que é a raiz de todos estes males.

A falta de transparência no trato do bem público, especialmente durante a realização de grandes negócios, ou obras monumentais, também estimula as propinas e a famosa política de criar dificuldades para vender facilidades.

Mas é importante não esquecer que, se há um corrupto, há também um corruptor, desde grandes empresas que apelam para “comissões” ou pagamentos "por fora" e com isso conseguir fechar seus negócios, até o cidadão que pensa ser natural tentar extorquir um detentor de cargo público, brandindo como moeda de troca o seu voto. Coisas do tipo “pagar uma continha” para o seu eleitor são exemplos básicos e típicos da arraigada cultura de corrupção existente no país.

Para acabar com a corrupção no Brasil, devemos fazer uma autocrítica, e verificar que somos um povo mal-acostumado e que gosta de levar vantagem em tudo. Então, votamos sempre nos candidatos que, de alguma maneira, nos dêem ou possam dar alguma vantagem. Votamos no coronel bandido que nos tira a multa, votamos no gerente de uma instituição oficial de crédito que fez vistas grossas nos nossos documentos, votamos no ministro que vai dar aumento no salário muito maior que a media do Brasil. Votamos no juiz aposentado que nos fez 'aquele favor'. Então, é só assumir: somos um povo que não sabe pensar no bem comum e espera que apenas nos outros estejam incluídas as características de lisura, decência e honestidade.

Somente um longo e árduo processo de educação de gerações baseada em valores de honestidade, solidariedade e lealdade será capaz de acabar a corrupção. A grande realidade é que a classe política é oriunda do povo. São eleitos por vontade absoluta deste mesmo povo. Verdadeiramente, são o espelho da sociedade representada por este sistema.

Se realmente, honestamente, você deseja extirpar o mal da corrupção de nosso país é imprescindível que avalie suas próprias condutas e atitudes. A solução do problema inteiro só será possível quando as pequenas partes que compões este problema estiverem realmente dispostas a fazer a sua parte. Todos os avanços institucionais são importantes, especialmente a questão da impunidade. Quando todos souberem que, ao praticarem um ato ilícito e danoso para o bem comum, serão rápida, efetiva e justamente punidos, certamente a mentalidade começará a mudar.


No entanto, é necessário também que todos tenham a certeza e a convicção que para alterar esta triste realidade do país é imprescindível que se comece por si mesmo. Só aí teremos passos futuros a ser dados.




Coluna 12/04/14

CARIDADE INTERNACIONAL
(COM O CHAPÉU DOS OUTROS)
 Adaptado de Paulo Gouveia da Costa – Presidente do DEM-SC


     Por que tanto dinheiro dos brasileiros para Cuba, Bolívia, Venezuela e ditaduras africanas, para portos, estradas, hospitais, escolas e outras obras que faltam por aqui?

     Há uma coisa que me intriga: porque cargas d’água o nosso País ajuda tanto outros países, como Cuba, Bolívia e diversas ditaduras africanas? Essa bondade do governo brasileiro seria talvez motivada por aguma forma internacional de caridade cristã? Argumentos desse tipo soam nobres, mas são falsos. É evidente que toda a motivação caridosa que um governo possa ter deve ser devotada, em primeiro lugar, aos seus próprios cidadãos. Só é justo levar recursos de dentro para fora do País quando as necessidades do próprio povo já estão suficientemente atendidas. E esse certamente não é o caso do Brasil.

  O povo brasileiro tomou conhecimento algumas semanas atrás que os governos de Lula e de Dilma, em sequencia, patrocinaram a construção, em Cuba, de um dos mais modernos portos do mundo. Mais de um bilhão de dólares estão saindo do nosso Banco de Desenvolvimento Econômico e Social para os cubanos. E a evidência de que alguma coisa esquisita está embutida nessa magnanimidade é que o contrato assinado com o governo cubano é secreto. Ninguém pode por os olhos nele.

  Na Bolívia foi construída uma estrada que liga dois municípios daquele país. Custo para o Brasil: trezentos e trinta milhões de dólares. E a nossa BR-470, para citar um exemplo, vem capengando por falta de dinheiro. Na África, então, o ex-presidente deitou, rolou e abriu os cofres brasileiros. Andou por lá diversas vezes, distribuindo obras com os recursos que faltam aqui. E os brasileiros, além de pagar essa conta, correm o permanente risco de levar calote. Os países africanos são useiros e vezeiros em programar o pagamento dessas dívidas para o dia de São Nunca. E depois, generosamente, o governo brasileiro perdoa o que eles deviam, cancela o débito, fica tudo por isso mesmo.  Os bilhões despejados em Cuba e na Bolívia têm grande chance de acabarem também pendurados no prego.

     Há um denso e suspeito nevoeiro envolvendo esta prodigalidade dos governos do PT com seus amigos e aliados de além fronteiras. Que tipo de retorno poderá ser esperado destes investimentos? Por que tanto segredo nos termos dos contratos? Só há dois remédios de efeito imediato para esse mal. O primeiro é trocar, em outubro, o time que hoje nos governa. E, preventivamente, olhando a prazo mais longo, proibir o Governo de fazer caridade lá fora com o chapéu do nosso povo. Pelo menos até que sejam construídas as estradas que nos faltam e garantidos saúde, educação e segurança de qualidade para toda nossa gente.





Coluna 05/04/14

POLITICAMENTE CORRETO


     Vivemos, atualmente, uma situação de “patrulha ideológica” assustadoramente presente e poderosa com a chamada “ditadura do politicamente correto”.  Amigos de infância, que se tratavam, em alto e bom som, de “negão”, “véio”, “baixinho”, “tonelada”, “boneca” e “manco”, hoje, seguem amigos; encontram-se com freqüência, mas, em público, se tratam pelo nome de batismo, ou sussurram os apelidos com receio de ofender alguém no entorno.

     Ou seja, vivem sob a implacável censura do “politicamente correto”, um cânone importado de terras americanas, a falsa polidez que ganhou o mundo e, de maneira difusa, inibe o livre-pensar, irreverente e irônico. Virou uma chateação sem fim e tão virulenta que, se o sujeito cumprimentar uma platéia com um “boa noite” e não mencionar “todos ...e todas”, corre o risco de ser tachado de sexista. 

     Mundo chato o do “politicamente correto”! É amplo. Não se limita à linguagem; impõe padrões no vestir, no comer e em todas as atividades humanas, desde as públicas até as absolutamente privadas. 

     O pensamento deste grupo é o de que basta uma grande ação, palavra ou atitude para que uma pessoa conquiste um inimigo ou um desafeto. A única forma de ser popular é a mediocridade. Esta talvez seja a única qualidade digna de ser exaltada e reverenciada por este modo de pensar.

     Não se está dizendo aqui que incentivemos a violência, que desrespeitemos os direitos dos outros, que façamos às outras pessoas aquilo que não gostaríamos que fizessem a nós mesmos. Esta, aliás, foi uma das lições mais simples e contundentes que trago de minha infância, dita pela Diretora de meu colégio, respeitada e temida em iguais intensidades, mas uma educadora exemplar, Irmã Antenesca Michelin: “O seu direito termina onde começa o dos outros”.

     Entretanto, policiar as palavras, pensamentos e atitudes apenas por não se enquadrarem naquilo que o bom mocismo que impera atualmente julga, antecipada e prematuramente, como inconveniente ou incorreto já é um pouco demais.

     A última deste grupo que está se tornando cada vez mais uma assustadora maioria foi a ordem de retirada das gôndolas de supermercados de um ovo de Páscoa (Ovo Bis Xtra+Chocolate – Lacta) devido ao fato de ele vir acompanhado de adesivos que seriam destinados a presentear os amigos com pérolas do tipo: “morto de fome”, “nerd” ou “nervosinho”. 

     Meu Deus, onde isso vai parar? Numa sociedade que já cometeu o absurdo de tentar censurar livros do mestre Monteiro Lobato, escrito no século passado, tenta mudar o nome das coisas ao invés de tentar resolver os problemas reais, como no caso de chamar “favela” de “comunidade” e prega que todos sejam forçados ao caminho do meio, sem nenhuma variação, a tendência é preocupante.

     Neste mundo idealizado a Mônica não é mais dentuça, o Cascão toma banho e o Cebolinha foi à fonoaudióloga. Tudo pra não ofender ninguém. A nega de cabelo lindo adora pentear. Porque faz escova progressiva, não se permite mais o cabelo crespo. No mundo ideal, o lobo mau jamais pensou em comer a Vovozinha – aliás, Vovozinha é a sua avó: como chamar assim uma pessoa que está na melhor idade? 

     Atirei o pau no gato. Não, coitado do gato! Atirei o pau no chão. Não, atirar é feio. Tirei o pau do chão. Opa. Ficou obsceno. Bom, o importante é que o gato não morreu. Ufa.
O cravo não briga com a rosa – nem aqui, nem ali, nem debaixo de uma sacada –, pois se o fizer é enquadrado na Lei Maria da Penha. No mundo politicamente correto ninguém ri, já que não se podem contar piadas – alguém pode se ofender.

     Melhor parar, é sábado, poderíamos hoje à tarde comer um bolo afrodescendente com distúrbios neuropsicológicos para relaxar no fim de semana. 





Coluna 22/03/14

80 ANOS


     Nesta data de comemorações e alegrias, lembro-me também que exatamente há um ano iniciamos a publicação desta coluna neste Jornal Informe. Inauguramos este espaço exatamente no final de semana da Festa do Município de 2013, quando apresentamos aos hipotéticos leitores destas linhas nossos objetivos com a publicação destes textos. Acredito que tenhamos conseguido atingir nossos objetivos, que era e continua sendo o de expressar conceitos e opinar sobre diversos assuntos, contribuindo para o pensar coletivo da cidade de Caçador. 

     Não tínhamos nem temos a pretensão de emitir conceitos imutáveis ou absolutos, mas sim o de expressar claramente nossas opiniões e isso, acredito que tenhamos feito durante este ano. 

     Datas comemorativas são formas que encontramos de demarcar um ilusório controle sobre o tempo. Extremamente importantes para celebrarmos e dividirmos com os outros os sabores das conquistas e também os desafios para o futuro. A busca de todos nós e também é assim quando pensamos coletivamente em nossa cidade é a busca do crescimento, do desenvolvimento e da felicidade. Entretanto, ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas também refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas levantar após as derrotas. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida apesar de todos os desafios, sacrifícios e infortúnios. Ser feliz, acima de tudo, não é um caso de destino, mas uma conquista pessoal, ou coletiva.

     Além disso, na data de comemoração ao aniversário de fundação de uma cidade, questionamentos importantes se fazem. Repito o que já comentei diversas vezes neste espaço; a cidade que teremos amanhã é a conseqüência das atitudes que tivermos hoje. 

     Ao atingirmos uma marca emblemática como a que vivemos hoje, 80 anos, é o dever de todos nós pensarmos em nossos objetivos e planejamentos para a cidade nos seus 90 ou 100 anos. 

     Um projeto, que há algum tempo foi aventado e discutido, ainda que superficialmente, o “Projeto Caçador 100 Anos”, merece e precisa ser retomado e rediscutido. Sua idéia central é a de pensar, planejar e definir quais os passos necessários para construir a cidade de nossos sonhos em um horizonte distante, mas atingível.

     Um projeto de cidade que se sobreponha a projetos de governo, um diagnóstico da realidade atual de todas as áreas essenciais da cidade atual, uma avaliação geral da condição que temos e, fundamentalmente, um planejamento de passos exeqüíveis e calcados na sempre presente realidade dos números, que leve nossa cidade ao rumo que queremos neste intervalo de tempo.

     É indubitável que teremos que envolver a todos neste processo, sociedade civil organizada, poder público, universidade, população em geral e todos os que desejem o progresso e desenvolvimento de nossa terra e nossa gente. 
É hora de comemorar. Parabéns a todos os que fazem desta terra o seu lugar, a sua casa. Daqui a 20 anos, como você estará? Quais os seus planos? O que você vai fazer para atingí-los? Que esta comemoração de toda a cidade também traga frutos no sentido de que estas perguntas sejam coletivamente respondidas.


     Caçador – 80 anos. E aos 100, como será? 





Coluna 15/03/14

LÍNGUA PORTUGUESA


     Há longos quatro anos convivemos diariamente com uma das tentativas mais esdrúxulas de manipulação do inconsciente coletivo da nação, mesmo que para isto tenha que ignorar completamente as normas mais básicas da língua portuguesa.

     Refiro-me à tentativa de incutir à imprensa, e por extensão, à própria população, a adoção do vocábulo “presidenta” quando da menção à atual detentora do poder executivo do país.

     Obviamente, todos já perceberam que quanto mais alinhado ao discurso do governo, mais se insiste nesta questão do assassinato da língua portuguesa.

     Recentemente, encontrei um texto bastante esclarecedor e elucidativo sobre o tema, que deveria ser estritamente uma questão de língua portuguesa, mas acaba se transformando em questão política, ou até mesmo ideológica. Não é esta a nossa intenção. Em uma homenagem a minha querida professora de português, Helga Rotter, reproduzo o texto a seguir:

“A presidenta foi estudanta?”
  Miriam Rita Moro Mine - Universidade Federal do Paraná. 

     No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante... Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.

     Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionarem à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.

     Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. 

     Diz-se: capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta". 

     Um bom exemplo do erro grosseiro seria: 

     "A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta.

     Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta".




Coluna 08/03/14



O PAÍS DOS MEUS SONHOS
(Tadeu Comerlatto)


O País dos meus sonhos seria um lugar agradável para viver,
onde todas as pessoas, independente de credo, raça, ideologia política
e condição social, teriam um excelente relacionamento entre si.

No País dos meus sonhos, cada agricultor teria no mínimo
um par de bois para puxar arado.
E ao voltar para casa, encontraria uma família feliz,
sem as preocupações da moradia, da fome, da saúde e da educação.

No País dos meus sonhos, todo pobre teria uma casa para morar.
Todos teriam o que comer.

Os hospitais teriam médicos dedicados e remédios para todos os doentes.
As escolas teriam professores e alunos.
Alunos felizes, professores dedicados.

No País dos meus sonhos, as disputas eleitorais
terminariam no dia da eleição.
A partir daí, todos estariam torcendo pelo sucesso da nossa Pátria.

No País dos meus sonhos, a tristeza cederia lugar à alegria,
o sofrimento cederia lugar à felicidade e o ódio cederia lugar ao amor, porque o amor traria consigo o perdão.

No País dos meus sonhos, a Constituição Federal teria
apenas DOIS artigos:

Artigo 1º - Todo o cidadão que habita este País ficará
EXPRESSAMENTE PROIBIDO de fazer para as outras pessoas
aquilo que ele não gostaria que as outras pessoas fizessem para si.

Artigo 2º - Toda cidadão FICA AUTORIZADO a fazer para as outras pessoas, tudo aquilo que ele gostaria que as outras pessoas fizessem
para si. Revogadas as disposições em contrário.

O País dos meus sonhos, um dia vai existir.
E ele será tão feliz, que nem vai precisar de mim.
Não faz mal.

EU PERCO O EMPREGO, MAS NÃO PERCO O SONHO




Coluna 01/03/14

MARCHINHA DE CARNAVAL

“Tanto riso,
Oh, quanta alegria,
Mais de mil palhaços no salão...”


     Os primeiros versos da célebre marchinha de carnaval de 1967, de autoria de Zé Kéti e Pereira Matos, parecem feitos sob medida para a data de hoje. Não apenas por estarmos iniciando o período de festas carnavalescas, onde muitas pessoas, talvez muitos dos que “manifestavam-se” pelas ruas do Brasil nos últimos meses, sem muito saber como nem porque, estão muito mais preocupadas com outros assuntos do que com os rumos dados a nossa nação. Os versos enquadram-se também (especialmente a terceira estrofe) na descrição do escárnio com que a lei, a justiça, o respeito às instituições e a própria população foi tratada nesta semana pelo Plenário do STF.
     
     Numa manobra calculada e previsível, a aceitação dos “embargos infringentes” pelo Supremo deu o tempo necessário para que mais dois ministros amestrados pelo partido que encontra-se momentaneamente no governo (e já se vão 11 anos deste martírio) pudessem assumir suas funções de defensores não da constituição, o que seria sua função, mas dos desígnios de seus comandantes.
  
     O princípio da separação dos poderes demonstrou-se claramente fragilizado, quando não despedaçado, pelo aparelhamento de todas as instituições, o que leva a acreditar e temer como proféticas as palavras do Ministro Joaquim Barbosa quando disse que sentia-se autorizado a alertar à nação brasileira que esse é apenas o primeiro passo. Existe uma maioria de circunstância formada na Suprema Corte da nação que tem todo o tempo a seu favor para prosseguir em sua sanha reformadora. 

     Os acontecimentos relembram facilmente às cenas retratadas no livro 1984 de George Orwell, onde Winston, seu personagem principal, tem como função de trabalho a tarefa de reescrever as notícias  e de perpetuar a propaganda do regime através da falsificação de documentos públicos e da literatura a fim de que o governo sempre esteja correto no que faz. 

     A adoção deste tipo de procedimento é, sem dúvida, uma grave ofensa ao sentimento de decência dos cidadãos honestos desta república democrática.

     Os condenados continuam condenados, por certo, e isto pelo menos não vai mudar. Continuarão corruptos comprovados e condenados. Mas o próprio deboche que fizeram quando do pagamento das multas impostas pela condenação, com as famigeradas “vaquinhas” pela internet que arrecadaram centenas de vezes mais dinheiro do que campanhas sérias e com motivos nobres. Uma das funções das multas é a de punir os culpados e a simples menção à participação em uma destas “vaquinhas” já deveria incutir nos cidadãos o sentimento de cumplicidade no assalto aos cofres públicos.

     No entanto, a máquina de propaganda mais uma vez entra em ação, desviando o foco e deixando tudo como está. Torço, imensamente, para que a mesma indignação com os problemas que parece finalmente ter atingido parte da população se transforme em ações, cobranças e votos mais conscientes e dignos para construirmos o país que queremos.

     Enquanto isso, bom carnaval, afinal...

“...Arlequim está chorando pelo amor da Colombina

No meio da multidão.”


Coluna 18/01/14

Enxurrada e Desastres


            Passado praticamente uma semana do evento ocorrido em Caçador no último dia 11, que podemos seguramente classificar como uma catástrofe, é hora de uma análise detida e comprometida sobre suas causas e conseqüências. Ainda, e especialmente, sobre as medidas preventivas que podem ser tomadas para minimizar os riscos de prejuízos com eventos deste tipo.

            É sabido que as catástrofes naturais ocorrem e que, certamente, todas as medidas de proteção em um momento ou outro serão insuficientes, mas ao invés de isto diminuir a importância destas medidas, aumenta ainda mais a necessidade de controles, até mesmo redundantes, para que possamos ao menos minimizar os danos.

            Nossa cidade já conta com um plano e uma equipe de contingenciamento para eventos deste tipo. Pude acompanhar parte dos trabalhos coordenados pela Defesa Civil Municipal na noite do último sábado, quando lá estive para tentar auxiliar no que fosse necessário. O que presenciei foi uma grande equipe que envolvia profissionais da Secretaria de Saúde, da Defesa Civil, da Infraestrutura, da FUNDEMA, da DITTESC, Assistência Social, todos de prontidão para o enfrentamento dos problemas pontuais que iam surgindo. Queda de muros, desentupimento de bueiros para o escoamento das águas, controle do trânsito, que ficava cada vez mais complicado devido à diminuição das vias possíveis de trânsito e ao acúmulo de curiosos nos locais mais críticos, preparo para abrigo de pessoas e coberturas emergenciais de residências, medição do nível de rios e córregos, enfim, toda uma estrutura ativa e disponível. A atuação desta equipe será analisada agora e eventuais aperfeiçoamentos necessários certamente serão aplicados. No entanto, esta é a estrutura, imprescindível, que está pronta para atuar DEPOIS que a catástrofe acontece.

            Este é o momento para analisarmos e refletirmos especialmente sobre as medidas que devem ser tomadas ANTES destes eventos.

            Primeiro, ninguém se engane, estas medidas preventivas custam caro, investir em medidas desta natureza certamente significa reduzir investimentos em outras áreas. Este tipo de decisão é exatamente igual às decisões que tomamos em nossas casas, por exemplo. No entanto, é uma questão de prioridades. Certamente os valores investidos nestas medidas preventivas mostrar-se-ão muitíssimo inferiores aos prejuízos acumulados com as catástrofes. (já se fala em uma estimativa de prejuízo superior a 10 milhões na cidade)

            É necessário que usemos deste momento para que façamos uma análise profissional, técnica e embasada para que se determinem as ações que são necessárias para debelar este tipo de evento. Fala-se em dragagem do Rio do Peixe, construção de galerias pluviais, desentupimento preventivo de bueiros, conscientização da população quanto ao lixo nas ruas, interdição de construções em áreas alagáveis. Todas estas medidas são, em meu entender, úteis, benéficas e necessárias. Porém é uma análise leiga. O momento é de análise profissional, determinar quais são as prioridades, os custos de cada uma destas ações e de um plano de contingenciamento PREVENTIVO. Algumas destas obras são caras e demoradas, algumas extremamente rápidas, baratas e efetivas. É o momento de uma ação conjunta. Enquanto buscam-se os recursos para as obras maiores, nada impede que façamos as menores, sem descuidar das primeiras.

            Acredito que seja o momento ideal para buscar uma reunião e um plano de ação de consenso entre profissionais de nossa cidade (IPPUC, CREA, Engenheiros de forma independente, Defesa Civil, Bombeiros, etc.) que pudesse determinar, tecnicamente, quais as causas destes eventos, quais destas causas podemos interferir, como fazer esta intervenção, quanto custa cada uma destas intervenções, quais os prazos que temos para executar cada fase este plano, qual o papel e a responsabilidade de cada um (Poder Público, entidades organizadas e sociedade).


            A partir da elaboração deste plano, objetivos e metas claras estarão expostos a todos, a busca por recursos encontrará respaldo técnico e também apoio popular, a execução dos trabalhos será acompanhada, cobrada e fiscalizada por todos e as medidas de prevenção serão estendidas a toda a população, que fará a sua parte, sendo cobrada até mesmo pela vizinhança. Medidas isoladas, ou obras faraônicas sozinhas não resolverão o problema. É hora de dar as mãos, definir caminhos e construir juntos esta solução preventiva.


Coluna 21/12/13

BALANÇO DE FINAL DE ANO
(FELIZ 2014)


     Sutilmente, sem pressa ou alarde, o fim de ano vem se aproximando. Com ele, as comemorações, encerramentos e o final de ciclo tão importante em nossas vidas. Uma época de balanços, reflexões e tomadas de decisões. Tivemos, durante este ano, a oportunidade, oferecida por este Jornal Informe, de aproximarmo-nos um pouco mais dos hipotéticos leitores desta coluna. Pudemos expor nossos sentimentos, pensamentos e teorias neste espaço e tentar expor nossas idéias.

     Procuramos, em alguns dos temas escolhidos, emitir opiniões sobre assuntos que estavam em evidência na semana. Em outras ocasiões apresentamos, sem pretensões de convencimento, correntes filosóficas distintas que norteiam nossa maneira de pensar e de agir. Houveram ainda momentos em expusemos aspectos mais pessoais e até mesmo familiares porque achamos que tínhamos algo a contribuir ao abordar aquele assunto. 

     Assuntos de crítica e assuntos de elogios, cobranças e congratulações, reflexões e comunicados, além de vários assuntos levados à discussão na Câmara de Vereadores que foram transportados para as páginas deste jornal com uma opinião que, longe de ser isenta ou imparcial, procurava mostrar e explicar nossos pontos de vista.

     Sou imensamente grato pela oportunidade de, através destas linhas, expor estes pensamentos. Ainda mais grato o sou aos leitores, habituais ou eventuais, que tiveram a paciência e o interesse em conhecer estes pontos de vista. Alguns dos comentários que recebia nas ruas ou em e-mails após a publicação de uma ou outra coluna foram sempre motivo de alento e de motivação para que continuássemos a desempenhar esta função de transferir para as palavras, de uma maneira concisa, interessante e racional, conceitos, fatos e teorias. Nem sempre conseguimos desempenhar esta função com perfeição, no entanto, sem falsa modéstia, gostei mesmo de alguns dos textos expressos aqui. A vocês, leitores, fica o meu profundo agradecimento especialmente pela oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal. 

     Interromperemos, por algumas semanas, a produção destes textos. É hora de recarregar as baterias, oxigenar as idéias e ampliar os horizontes para que possamos encarar este desafio também no ano que vem. (Isso desde que seja do interesse da direção do jornal e evidentemente dos leitores, é lógico).

     Gostaria de aproveitar a oportunidade para desejar, à toda a população caçadorense, um Feliz e Abençoado Natal. Usemos este tempo de Paz, Alegria, Família para repensarmos nossos valores e para priorizarmos o que temos de melhor em nossas vidas. Saibamos fazer do nosso mundo um lugar melhor para se viver e que a força e o simbolismo do nascimento de Jesus possa calar forte e profundamente em todos os corações. Utilizemo-nos do exemplo de um Deus que quis nascer como um de nós e fazer parte de nossas vidas para que saibamo-nos todos irmãos e, conscientes desta fraternidade universal, trabalhemos ainda mais fortemente para o desenvolvimento de todos.

     Ainda, que 2014 traga os frutos do trabalho e do esforço e que a “prosperidade”, tão falada nesta época, seja não apenas material ou financeira, esta é importante, com certeza, mas que seja também moral, espiritual e também uma próspera felicidade que nos acompanhe em todo o ano que vem. 

     Até 2014!


Alencar Mendes



Coluna 07/12/13

DEZEMBRO


     E Dezembro chegou, quase sem que tenhamos percebido. Pode-se observar a cidade fervilhando e, num frenesi que até assusta aos desavisados, o tempo de encerramentos, solenidades, ritos de passagem e tudo aquilo que conhecemos por recomeço, balanços e reflexões.

     Já tecemos, aqui neste mesmo espaço, considerações sobre a importância de datas comemorativas, o especial significado, simbólico e psicológico que estas datas assumem em nossas vidas. A época de fim de ano também, além de tudo, é assim.

     No entanto, até chegarmos ao sonhado e esperado momento de alegria e descontração, reunir famílias, encontrar amigos, temos ainda de submetermo-nos ao penoso ritual de passagem que é o mês de dezembro. Acredito que todas as funções ou profissões sejam afetadas pela urgência de prazos, pela necessidade de entregas, programações de compras, proximidade de férias de muitos, especialmente das crianças, horários dobrados e fundamentalmente, a “correria” de dezembro.

     Às férias escolares, somam-se as urgências de trabalho e, por mais que saibamos que todo ano isto vai se repetir, sempre somos surpreendidos pela falta de tempo, pelo acúmulo de tarefas e pela sensação de que parece que o mundo vai acabar em dezembro. Esta constatação aliás, adquire um significado especialmente cômico quando lembramos que estamos completando um ano do anunciado fim do mundo que aconteceria no ano passado. Duvido que alguém tenha levado esta história a sério.

     De toda forma, é necessário e saudável que saibamos conduzir nossas vidas, condutas e atitudes, para que enfrentemos sem maiores percalços estas situações que, ao analisarmos detidamente, já são conhecidas por todos. Encarar esta agitação e correria com naturalidade é o melhor caminho para sair ileso a ela. Saibamos aproveitar o real sentido desta sensação de encerramento de ciclo, fazer realmente os balanços e análises necessários e, agradável e prazerosamente, apoderarmo-nos da sensação de recomeço e de etapa vencida que estes momentos nos trazem.

     O aspecto religioso destas festividades de fim de ano, especialmente o Natal, ajuda e muito na obtenção desta paz interior e da obtenção da sensação de naturalidade dos acontecimentos. Saber-nos amparados e protegidos por um Deus que conforta, ilumina e vela traz a sensação que tanto necessitamos e buscamos de ter a oportunidade de um recomeço, nova etapa, novo ciclo. 

     Saibamos passar por este mês tão atribulado e entender que temos, nas festividades, reuniões, encerramentos, que se aproximam, a oportunidade de reflexão e a possibilidade de aprimoramento. Dezembro é um marco. Mas Janeiro também o é, assim como Fevereiro. Façamos deste marco especial e significativo e possamos evoluir, individual e coletivamente.




Coluna 23/11/13


QUE SEJA SÓ UM COMEÇO



     Os acontecimentos históricos dificilmente são de imediato reconhecidos como tal pelas pessoas que os vivenciam. Normalmente só nos damos conta da importância histórica destes fatos quando o tempo já exerceu o seu papel seletivo e moderador e, à distância, conseguimos perceber com maior clareza o conjunto de causas e conseqüências decorrentes daquele único fato.

     Ouso dizer que o que o país viveu na última semana, com o início da execução das penas dos condenados no caso do mensalão é uma exceção a esta regra. Salta aos olhos de qualquer observador que o significado da aplicação de penas, após todo um processo jurídico extenso, com todas as chicanas possíveis e imagináveis, vai além da própria condenação, maior ou menor. O significado é que a impunidade pode começar a ser repelida de nosso dia a dia. Complemento estes pensamentos com partes do editorial da revista VEJA desta semana.

    Depois de mais de oito anos de idas e vindas, surpresas positivas e decepções, finalmente, na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu decretar a prisão dos réus condenados no escândalo do mensalão, a ousada operação clandestina de uso de dinheiro público e privado com o objetivo de perpetuação de uma facção no poder. Os ministros do STF decidiram que o correto é cumprir imediatamente as sentenças ou as partes delas já definidas e contra as quais não cabem mais recursos. O desfecho do escândalo do mensalão, com a ida para a prisão dos réus, não pode ser encarado como a vitória de um partido sobre outro ou da oposição sobre o governo. Em um país em que a corrupção vinha vencendo todas as disputas com a ética, a decência e a justiça, o significado da prisão dos mensaleiros é mais amplo, profundo e precioso.

     O Brasil espera que o exemplo de cima dado pelo STF se espalhe pelas instâncias inferiores da malha jurídica nacional e que cada um de seus integrantes se sinta, a partir de agora, um soldado na luta contra a corrupção. Que os réus desse escândalo sejam não os últimos, mas os primeiros de uma nova era de tolerância zero com a ação dos corruptos. Que seja reavivado o real significado do conceito de república, em que a responsabilidade de cada um tem de ser sempre maior quando o bem é de todos. Isso é o reverso da cínica atitude que tristemente prevalece no Brasil, com as honrosas exceções de sempre, segundo a qual o que é de todos não é de ninguém – ou, pior ainda, é de quem pegar primeiro. Que o caso do mensalão entre para a história do Brasil como o marco inaugural de uma nova etapa na dura caminhada civilizatória dos brasileiros.

     O episódio deve ser lembrado como a pedra fundamental da institucionalização das virtudes republicanas no Brasil. Assim, com certeza, a Justiça não precisará mais de oito longos anos para punir corruptos pegos em flagrante. Assim, as boas causas poderão triunfar não mais pelo caráter de um ou outro magistrado ou graças ao voluntariarismo de um servidor público extremado no cumprimento de seus deveres, mas pela existência de instituições sólidas, funcionais e independentes dos interesses individuais ou de grupos.

     A história pode estar sendo escrita diante de nossos olhos.






Coluna 02/11/13

SEM AS RODINHAS!!!


     Domingo, fim de tarde. Tivemos neste fim de semana um acontecimento que não posso deixar de registrar. É interessante como pequenas conquistas e realizações fazem parte de nossas vidas e nos marcam, talvez para sempre.

     Já havíamos tentado ensinar nossa filha mais nova a andar de bicicleta “sem as rodinhas” como ela diz, em outras oportunidades. Há cerca de dois anos, levamos nossas duas filhas para esta aventura na Praça do Berger, quando a mais velha conseguiu e a mais nova, então com 5 anos de idade, desistiu. 

     Aqueles que já passaram pelo processo de desmontagem e, especialmente de montar novamente as rodinhas de uma bicicleta infantil sabem que o processo, na maioria das vezes, não é tão fácil quanto parece. Um parafuso que não aperta, uma chave que tem de ser posicionada do outro lado, enfim, minha habilidade com estas ferramentas foi posta à prova algumas vezes durante estes dois anos.

     Decidimos experimentar mais uma vez neste final de semana. Um pouco calejados pelas experiências anteriores, receosos de mais uma tentativa sem sucesso. Partimos rumo a Praça do Berger que dispõe de um espaço perfeito para esta atividade. Recomendo a todos os pais. Além disso, o movimento de pessoas não é tão grande, possibilitando essas tentativas. De outras vezes, tinha levado as ferramentas para retirar as rodinhas na própria Praça. Como tinha demorado muito, desta vez já tirei as rodinhas em casa mesmo.

     Ansiedade. Dela, minha, de minha esposa, da minha filha mais velha. Todos estávamos na expectativa. Quando chegamos começamos a tentar. Minha filha mais velha em sua bicicleta, dando conselhos. Minha esposa e eu segurando ela e a bicicleta e tentando todas as teorias possíveis. Mais pra lá! Endireita o corpo! Siga reto! Vire o guidão! Força! Pro outro lado! Cansamos. Primeiro nós dois segurávamos, depois um de cada vez, e a cada tentativa, novas frustrações. Chegamos a pensar que não iria dar certo.

     Sem maiores explicações, entretanto, sem fórmulas ou técnicas mágicas, em um dado momento minha filha pareceu ter entendido o “segredo”. Estava na minha vez de tentar ensiná-la. Segurei por trás do selim e comecei a andar, depois correr, ao lado da bicicleta. Dava para sentir que já não estava fazendo força para equilibrá-la. E então decidi tentar. Com muito mais arrependimento que confiança, soltei a bicicleta por um instante. E lá estava ela andando sozinha, fazendo curvas, e mantendo-se equilibrada. Comecei a bater palmas, para mostrar que ela estava sozinha e disse muitas, muitas palavras de incentivo. Quando percebi, já estava vários metros atrás da bicicleta. 


     A apreensão passou, e um sentimento de euforia e de vitória chegou. Para mim e para ela. Corremos contar a novidade (como se fosse preciso) para a mãe e para a irmã, e a alegria tomou conta da família. Uma pequena vitória, mas essencial. Sentimento de dever cumprido. Passo a passo estamos preparando nossas filhas para o mundo. Parabéns Ana Flávia! A conquista é sua! A vitória é de todos nós!





Coluna 19/10/13


HORÁRIO DE VERÃO



     Como todos sabem, hoje à noite cumpriremos uma rotina que já se repete há 28 anos. Todo ano a mesma rotina. Adiantamos nossos relógios e atrasamos nossas vidas, tudo por um motivo que permanece na obscuridade.

     A origem do conceito do Horário de Verão remonta ao ano de 1784, quando foi sugerida pelo político e inventor americano Benjamin Franklin, um dos maiores gênios que o mundo conheceu. Mesmo tendo comprovado o efeito que a adoção da medida traria ao consumo de velas, (não existia a energia elétrica) não conseguiu a sua implantação. O primeiro registro de um país ter adotado o Horário de Verão aconteceu na Alemanha, em 1916, como medida para economizar carvão. De lá para cá, os hábitos da população invadiram o horário noturno, fazendo com que a demanda por energia estenda-se ao longo do dia e da noite.

     Para quem ainda pensa que horário de verão economiza energia, o fato é que nem o Ministério das Minas e Energia nem o Operador Nacional do Sistema Elétrico acreditam nisso. Já faz mais de uma década que desistiram de tentar se convencer de tal coisa. E basta pesquisar um pouco para saber que, ainda que tal economia ocorresse, E NÃO OCORRE, ela seria irrisória.

     A característica da energia elétrica é que ela não pode ser armazenada, uma vez produzida ela tem que ser consumida. As formas de armazenamento de energia transformam a energia elétrica em outras formas de energia (química, por exemplo, no caso das baterias) para ser aproveitada posteriormente. No caso do sistema de transmissão de energia elétrica, este armazenamento não ocorre. 

     O que pode acontecer é a redução do pico da demanda, fazendo com que seja diluída em algumas horas a necessidade de geração de grandes volumes de energia. No entanto, essa justificativa é ainda mais incoerente do que a da economia. É justamente no inverno que mais temos problemas de seca e redução nos reservatórios das hidrelétricas.

     Passamos meses de seca, racionando, ou ameaçando racionar, água e energia, e mesmo assim suportamos a coincidência do fim de tarde onde as indústrias ainda funcionam, simultâneas ao acender das luzes. O sistema aguenta esse "fato inevitável” no inverno, com seus dias mais curtos e secos, e não aguentaria no verão?

     Além disso, devido ao eixo de inclinação do planeta em relação ao sol, apenas em latitudes acima do paralelo 30º as diferenças de duração do dia no inverno e no verão são significativas. No Brasil o paralelo 30º passa nas proximidades de Porto Alegre, fazendo com que os benefícios reais do horário de verão sejam efetivos apenas numa ínfima região do país. 

     Certamente, o Horário de Verão acaba trazendo algum benefício a comércios e atividades de lazer que atraem consumidores que conseguem sair de seus trabalhos próximo das 18:00 hs. Entretanto, a maioria das pessoas tem horários mais estendidos de trabalho e com o horário de verão acabam atrasando suas atividades noturnas e continuam a ter que acordar cedo.

      Será que esse benefício ao comércio justifica o dano cronobiológico numa população inteira? Justifica a queda de rendimento escolar, trabalhista, aumento de acidentes de trabalho, atrasos e todo o estresse a que a população é submetida?

      Sem falar nas conseqüências a produtores rurais, horário de atendimento bancário, programação televisiva, horário de atividades esportivas que, muitas vezes, simplesmente não adotam o horário de verão (o que acontecia às 16:00 passa a acontecer às 17:00 e ponto final).

      Uma medida que não traz os benefícios a que se propõe, que tem utilidade parcial apenas em áreas costeiras ou turísticas, beneficiando não aos que trabalham, mas apenas aos que dispõem de tempo livre e que causa imensos danos à saúde, à produtividade e até mesmo à integridade física e mental das pessoas, deveria ser urgentemente revista. 


     Enquanto isso não acontece, até amanhã, uma hora mais cedo.




Coluna 21/09/13


EMBARGOS INFRINGENTES


     Depois de uma semana de acontecimentos profundamente lamentáveis que determinaram a continuidade (quem sabe até o infinito) do julgamento do mensalão, é hora de juntar os cacos da esperança que se quebrou.

     Compartilho com as manifestações que li desde aquela fatídica quarta-feira em que foram aceitos os “embargos infringentes” que podem ser resumidas em uma palavra: “vergonha”. Talvez outras palavras pudessem seguir a esta primeira, como desilusão, desesperança, estarrecimento. De minha parte, ao integrar pela primeira vez o grupo de políticos de nosso país, estes sentimentos foram ainda mais contundentes.

     Pessoalmente, tinha uma confiança, talvez uma ilusão, que a estrutura do Poder Judiciário Brasileiro não estivesse tão deturpada e subserviente e que, a despeito de qualquer análise técnica ou jurídica, os princípios norteadores da justiça: Segurança Jurídica, Isonomia e Razoabilidade fossem considerados.

     É evidente que, no caso específico do aceite ou não dos embargos, ambos os lados encontravam amparo em textos jurídicos. Todos os votos proferidos foram amplamente embasados e poderia ser justificada qualquer das posições. É exatamente nestes momentos que esperávamos de juízes “do mais elevado saber jurídico e de reputação ilibada” que pudessem ser guiados além e acima das leis e suas subjetivas interpretações, por princípios éticos, morais e que teriam toda a possibilidade de representar uma guinada nos rumos de nosso país.

     Perdemos a oportunidade de demonstrar que a Justiça existe para que se pratique a coisa justa. Perdemos a oportunidade de demonstrar que todos são iguais perante a lei. Perdemos a oportunidade de visualizar um novo horizonte em nossas perspectivas. 

     É necessário que se diga, o julgamento não acabou, prosseguirá. Mas com diversos e sucessivos embargos, protelações e uma infindável série de recursos que terminarão por assegurar que nenhum dos “peixes graúdos” seja efetivamente punido, nem tampouco veremos uma só notícia de valores de dinheiro público sendo devolvido, recuperado ou de multas ou fianças pagas.

     No entanto, ao invés de esmorecer, isto só nos confirma que temos um imenso e árduo caminho a percorrer para que possamos ver as mudanças que tanto sonhamos ou desejamos sejam realizadas. Estes reveses têm que trazer ainda mais força para lutarmos por um país melhor e mais justo. Não posso concordar com expressões que dizem “o Brasil acabou” ou “é hora de abandonar o barco”. 

    Não há caminho senão através da política. Nossa representação tem que ser bem escolhida. Se quisermos ver, algum dia, em um futuro ainda distante, uma mudança real nos destinos de nossa nação, que estejamos cada vez em maior número e com maior expressão representados em todas as esferas de poder. Não abandonemos a esperança, ainda que ela seja seguida e constantemente maltratada. Ergamo-nos e possamos juntos fazer frente a todas as injustiças.


     “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Martin Luther King.




Coluna 07/09/13


7 DE SETEMBRO



     A comemoração desta data, tão importante para nossa nação, adquiriu, neste ano, um significado a mais. Passados os movimentos mais exaltados do início de junho, podemos talvez nos arriscar a questionar, mas afinal, serviu para algo todo aquele barulho e empolgação? O país vai mudar?

     Em primeiro lugar é preciso definir que o país que queremos e sonhamos é responsabilidade de todos. No entanto, mais do que isto, é responsabilidade de cada um de nós.

     Enquanto dizemos que “todos” devem contribuir, fica muito fácil esperar que “todos” façam algo, enquanto “eu” mesmo aguardo. O maior mérito das manifestações ocorridas foi exatamente a conscientização de cada um dos cidadãos de seu papel não apenas de expectador, mas sim de agente ativo de mudança. Só veremos nossos ideais de “Pátria”, de “Nação” realizados se formos à luta em busca destes ideais. O sentimento que tentou tomar conta das manifestações de repulsa total pela política e pelas instituições democráticas mostrou-se vazio e sem condições de desenvolvimento. Nossas instituições precisam de mudanças e adequações sim, mas o respeito às instituições democráticas é a pedra fundamental onde basearemos estes ideais.

     No simbolismo que esta data evoca, podemos ousar sonhar com um futuro que possa realmente representar o País que desejamos, onde o conceito de Pátria seja real e possa traduzir o ideal de Rui Barbosa:

"A pátria não é ninguém; são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade."

     Para atingirmos este estágio são necessárias batalhas diárias e constantes onde possamos desenvolver em todos nós o amor por esta terra, o patriotismo real e verdadeiro, sem pieguices, mas que signifique realmente o extremado e natural amor que todo o bom cidadão tem pela terra em que nasceu, fazendo com que os interesses da pátria sejam colocados acima de quaisquer outros. Também é imprescindível que pratiquemos o civismo, ou seja, a verdadeira  devoção pelas coisas públicas, pelos interesses da nação.  O civismo apenas de estar muito interligado ao conceito de patriotismo, guarda sutis diferenças, um está preso a pátria, extensão territorial, o outro se prende ao estado e às pessoas que habitam o espaço físico. 


    Que nesta data em especial, reflitamos sobre o nosso papel nesta Pátria e que possamos exercer nossa verdadeira cidadania, com orgulho, patriotismo e civismo. A responsabilidade pelos destinos da Pátria não é de “todos”, mas sim de “cada um”.




Coluna 24/08/13




SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL



     Assistimos, nestes últimos dias às sessões de julgamentos dos “embargos declaratórios” da ação penal 470, no Supremo Tribunal Federal, o conhecido caso do “mensalão”.

     Enfrentamento, “bate-boca” e destempero fizeram a alegria de repórteres e quase que afastaram as luzes do real propósito e objetivo de todo o processo.
  
     Define-se a sorte dos 25 condenados no processo do mensalão: só por milagre terão suas penas reduzidas. Assim, os condenados à prisão fechada ficarão atrás das grades, outros precisarão dormir na cadeia, uns mais felizes cumprirão prisão domiciliar. O Supremo Tribunal Federal terá cumprido suas obrigações, numa demonstração de que suas sentenças acoplam-se à voz rouca das ruas. Imaginar-se um ente à margem da opinião pública costuma não dar certo. Apesar da presunção de alguns ministros em proclamar-se completamente independentes, na realidade todos devem respeito a Sua Excelência, o Cidadão Comum.

     Encerrado o julgamento dos embargos declaratórios, é possível que nem venham a ser apreciados os “embargos infringentes”, mas, se vierem, não haverá Ricardo Lewandowski capaz de protelar o encerramento do processo. Nem parece viável a redução das penas por decisão da maioria dos ministros da mais alta corte nacional de justiça. Afinal, para que serviram meses e meses de exaustivas análises, debates e votações?

     Temos, ainda, confiança nas instituições brasileiras, que há muito são atacadas e tratadas como se servissem somente quando o caso é favorável. A confiança nas instituições tem de ser um dos pilares de sustentação da nação.

     Como disse o mais novo ministro, Luis Roberto Barroso, não seria correto mudar os resultados, tornando-se necessário acabar com os recursos usados apenas para protelar julgamentos.

     É chegada a hora de a mais alta corte do país dar o exemplo que a sociedade precisa. Ao ver que os grandes, depois de todo um processo de julgamento, com amplo direito à defesa e ao contraditório, também podem ser punidos, tenho a certeza de que nosso país entrará em um novo capítulo de sua história.

     Ainda que diversos problemas e atitudes incorretas tenham que ser abordadas e corrigidas, este passo seria o fundamental para que percebêssemos que temos um rumo e, por mais longa e fatigante que seja a jornada, caminhamos na direção correta.




Coluna 17/08/13

DATAS COMEMORATIVAS



     Sempre fui pouco afeito a datas comemorativas. Afinal, a maioria parece criada apenas para atender a fins utilitaristas. O Dia das Crianças, para a indústria de brinquedos, o Dia dos Namorados, para diversos segmentos do comércio e por aí vai.

     Há até mesmo, acredite, o Dia da Ressaca (28 de fevereiro, melhor que dia 29, ou bebuns de plantão só teriam direito a pausa nos anos bissextos), o Dia do Pi (14 de março, que na notação americana com formato mês/dia seria 3/14, a aproximação mais conhecida de Pi) e o Dia do Cotonete (25 de junho)!

     Contudo, mesmo dentro deste contexto, começo a reavaliar a relevância de algumas datas. Afinal, temos vivido de forma tão intensa, rápida e automática que pausas fazem-se necessárias. Diariamente, são muitas mensagens para responder, telefonemas para fazer, atividades a desempenhar, visitas a realizar, reuniões para participar, projetos a concretizar. Nossa caixa de entrada está recorrentemente cheia, a lista de tarefas sempre repleta, o tempo cada vez mais exíguo.

     A rotina diária apresenta-se cada vez mais veloz e com menos espaço para a introspecção e reflexão.

     O mesmo quadro se repete em sua vida pessoal. A academia para frequentar, a pilha de livros para ler, a casa para cuidar e as contas a pagar. Além dos familiares e amigos clamando por sua atenção. O sentimento de culpa invade sua mente e você tem a impressão de estar cada vez mais distante da pessoa que deseja ser e dos objetivos que pretende alcançar.

     Diante deste cenário, algumas datas comemorativas funcionam como uma “fenda no tempo”, um chamado em sua agenda pessoal para que sua atenção se volte ao que realmente importa. O Dia das Mães ou dos Pais, para que você possa exercitar o afeto, exercer a gratidão, promover o perdão. A Páscoa ou o Natal, para sua reflexão e solidariedade, independentemente de sua religião. Seu aniversário, para você lembrar e cuidar de si mesmo.

     Seu desafio, e dos que estão ao seu redor, é praticar o desapego, dissociando estes eventos da necessidade de vinculá-los a presentes materiais de qualquer ordem. Aproveitar para compartilhar da companhia das pessoas, fazendo tudo aquilo de que você tem se privado: jogar conversa fora sem olhar para o relógio, ficar debaixo do cobertor sem hora para levantar, sentar em frente à TV sem ter que assistir a algo com conteúdo, comer besteiras e saborear o que teoricamente não é saudável.

     Ainda que ao falar deste assunto, estejamos fazendo-o tardiamente, visto que na semana passada comemoramos o Dia dos Pais, sempre é tempo para lembrarmo-nos de criar ou aproveitar estas “fendas” que nos lembram do que é realmente importante.


     Aproveite! Afinal, no dia seguinte, você estará de volta à maratona do seu cotidiano.





Coluna 04/08/13

REFLEXÕES SOBRE A AMIZADE
Adaptado de texto de Tom Coelho



     Enquanto somos crianças, temos um mundo inteiro para descobrir e explorar. E este mundo parece não ter fronteiras, tamanha sua vastidão. Olhamos ao redor e tudo o que vemos é a linha do horizonte.

     Mas há um aspecto muito bem delimitado. Ele corresponde à amizade. Nossos amigos são poucos e estão sempre próximos. Acompanham-nos à escola, curtem o recreio conosco, partilham a merenda. Ao lado deles fazemos as tarefas, estudamos para as provas, praticamos esportes e brincamos.

      A idade avança e somos contemplados com o rótulo de adultos. Mudam nossos propósitos, responsabilidades e prioridades. Nosso mundo, agora, fica bem delineado. Passamos a tratar com mais e mais pessoas e, paradoxalmente, cultivamos menos amizades porque nossas relações são todas marcadas com o lacre da superficialidade.

     Pessoas entram e saem de nossas vidas. Muitos se tornam nossos conhecidos, de um vizinho que mora na casa ao lado ou no apartamento do andar de cima, a profissionais que vemos em situações de negócios. Sobre estes, pouco ou nada sabemos, às vezes nem mesmo o nome.

     Já alguns viram nossos colegas. Dividem o tempo e o espaço conosco, sobretudo no ambiente de trabalho. Por conta deste vínculo, temos objetivos comuns, metas a serem alcançadas, até valores corporativos alinhados. Sabemos seus nomes, seus cargos, suas atribuições, mas podemos conviver por anos separados por uma única divisória ou porta sem conhecer suas preferências, sua família, sua história de vida.

     No entanto, Amigos são pessoas que compartilham com alegria as nossas vitórias, mas que nos acolhem despretensiosamente nos maus momentos. Nós os descobrimos na adversidade e na infelicidade. São apoiadores por natureza, mesmo quando discordam de nossas posições. Bons ouvintes, concedem-nos atenção e sabem que muitas vezes não queremos opiniões ou comentários, mas apenas sermos ouvidos com paciência.

     Adeptos da diversidade, pouco lhes importa aspectos como raça, credo ou condição socioeconômica, pois respeitam nossas diferenças antes mesmo de desfrutar as semelhanças. Surpreendem-nos com regularidade e são admiráveis confidentes, compartilhando seus segredos – e os nossos.

     Não existem bons ou maus amigos, sinceros ou dissimulados. Por definição, um amigo é verdadeiro, honesto, leal e digno de honra e admiração. 

     Melhor do que conquistar novos amigos é conservar os velhos. Por isso, visite seus amigos com frequência. Os escandinavos dizem que o mato cresce depressa nos caminhos pouco percorridos.

     Relacionamentos não se constroem por telefone ou e-mail. São bons expedientes para manter uma amizade, mas precisamos mesmo é estar “cara a cara” com as pessoas que apreciamos. Olhos que brilham, braços que envolvem, palavras que acalentam. Sempre é válido o alerta: “Eu deveria ter visitado mais meus amigos e lhes contado como me sentia em vez de só encontrá-los em enterros”.

     A amizade torna as pessoas mais amenas, gentis, generosas e felizes. Mas, para ter amigos, é preciso antes ser um. E isso envolve atitude...


     Começar junto e terminar junto. Assim se edifica uma sólida amizade.




Coluna 27/07/13

ENGAJAMENTO POLÍTICO

     Nesta semana em que recebemos diversas notícias e ampla cobertura jornalística da presença do Papa Francisco ao Brasil, gostaria de comentar alguns aspectos e a significância desta visita.

     Independentemente de denominações religiosas, todos reconhecem na figura do Papa a figura de um chefe de Estado e também de uma pessoa culta e consciente de cada uma de suas palavras e atitudes, sabedor de que elas serão avaliadas em todas as suas minúcias. É afinal, o líder de uma instituição que se aproxima de dois mil anos de existência e que certamente detém autoridade suficiente para opinar nos  mais diversos assuntos. No entanto, em diversas oportunidades, comportando-se como verdadeiro e educado visitante, absteve-se de comentários a respeito de políticas de governo e de avaliações deste ou daquele ato, frustrando aqueles que esperavam fazer de sua presença um mero ato de propaganda.

     Tal atitude, no entanto, não significou dizer que o Papa absteve-se de incitar aos que o ouviram aos pensamentos e atitudes políticas situando e firmando posicionamentos e dando um belíssimo exemplo de liderança e persuasão.

     Não houve quem não reconhecesse suas qualidades de simpatia e disponibilidade para atender a todos, sem contudo, praticar a demagogia e falar apenas o que fosse agradável aos ouvintes.

     Existe um comentário feito pelo Papa sobre a política que, apesar de não ter sido proferido durante esta viagem ao Brasil e sim na Sala Paulo VI, no Vaticano, a cerca de dois meses atrás, ao responder uma pergunta sobre o envolvimento de cristãos na política, o Papa respondeu:

     “Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós, os cristãos, não podemos fazer como Pilatos e lavar as mãos, não podemos! Temos que nos imiscuir na política, porque a política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política! Alguém pode dizer: “A política é muito suja”, mas eu pergunto, é suja porque? Porque os cristãos não se imiscuíram nela com o espírito evangélico? É a pergunta que faço. É fácil dizer que a culpa é daquele... mas eu, o que faço? Isto é um dever! Trabalhar pelo bem comum é um dever do cristão.

      Uma reflexão deste tipo e deste porte tem muito a dizer a nós, brasileiros, homens de bem, interessados no bem comum. Independente do seu credo religioso, as pessoas de bem têm mais do que o direito, têm a obrigação de se envolver com a política em todas as suas formas. É a única maneira de efetivamente alterar, para melhor, a condição atual. As faixas, passeatas, manifestações, são evidentemente importantes, mas é só com o real engajamento destas pessoas é que os sonhos se farão mais próximos e mais presentes. O mundo, o país e também nossa cidade precisam destas pessoas para construirmos juntos uma sociedade melhor e mais justa. 


     Quer mudar o mundo? Venha fazer parte dele!



Coluna 20/07/13

PODERES INDEPENDENTES E HARMÔNICOS ENTRE SI


     Desde que Montesquieu elaborou sua “Teoria da Tripartição dos Poderes”, para evitar o retorno do sistema absolutista, a separação dos poderes configura-se como um dos mais importantes princípios do constitucionalismo moderno. 

     Entretanto, muito antes dele, Aristóteles já afirmava que em todo governo existem três poderes essenciais, o que delibera sobre os negócios do Estado, o que compreende todos os poderes necessários à ação do Estado e aquele que abrange os cargos de jurisdição.

     Este pensamento possibilitou o surgimento de um modelo de Estado que encontrou na lei o seu limite, atribuiu ao governante a responsabilidade pelos seus atos e que promoveu a divisão do poder de modo eficiente. A limitação do poder político, tão necessária quanto desejada, possibilitou o surgimento de um novo paradigma de Estado, até então desconhecido, o Estado de Direito.

     O princípio da separação dos poderes apresenta-se hoje tão essencial à garantia das liberdades individuais, quanto há duzentos anos, e não pode ser suplantado, ainda que por um bom motivo. No Estado Democrático de Direito, a máxima segundo a qual “os fins justificam os meios”, não se aplica. Os meios são garantidores da legitimidade do direito produzido. 

     Sempre que exista uma invasão dos limites estabelecidos a qualquer dos poderes constituídos – executivo, legislativo e judiciário – quem resulta perdedor é o próprio processo democrático. 

     A adoção de regras, normas ou leis, por iniciativa do poder executivo não é salutar nem benéfica para a sociedade, tanto quanto não seria a imposição ao poder executivo de prioridades e ações pelo poder legislativo.

     Quando o judiciário deixa de cumprir seu específico papel de julgar e interpretar os fatos acontecidos à luz da lei e passa a interferir diretamente tanto no poder executivo, propondo ações, quanto no poder legislativo, tomando para si o papel de legislar, os pilares que sustentam esse frágil equilíbrio estremecem.

     Atitudes recentes, em nível nacional e também municipal, contribuem negativamente para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de nosso sistema político que sim, necessita de importantes e urgentes ajustes, mas que devem ser feitos com absoluto respeito às leis e às normas vigentes.





Coluna 06/07/13

LIDERANÇA


     Liderança é a arte de comandar pessoas, atraindo seguidores e influenciando de forma positiva mentalidades e comportamentos.

     A liderança pode surgir de forma natural, quando uma pessoa se destaca no papel de líder, sem possuir forçosamente um cargo de liderança. É um tipo de liderança informal. Quando um líder é eleito por uma organização e passa a assumir um cargo de autoridade, exerce uma liderança formal.

     Um líder é uma pessoa que dirige ou aglutina um grupo, podendo estar inserido no contexto das empresas, no exército, etc. Não existe um único tipo de líder, mas vários, em função das características do grupo (unidade de combate, equipe de trabalho, grupo de adolescentes, equipes esportivas). O líder proporciona a coesão necessária para realizar os objetivos do grupo. Um líder eficaz sabe como motivar os elementos do seu grupo ou equipe. As habilidades de um líder envolvem carisma, paciência, respeito, disciplina e, principalmente, a capacidade de influenciar os subordinados.

     Temos inúmeros exemplos que poderíamos citar como modelos de liderança. O mais óbvio e recente é o técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari. Dono de uma personalidade ímpar, não permite que pressões externas influenciem seu grupo, assumindo para si o peso de suportar essas pressões e com isso liberando seus comandados para executar o serviço principal. Sem a pretensão de apresentar grandes novidades, alternativas ou inovações, sejam táticas ou técnicas, exerce sua liderança exatamente como o aglutinador, com capacidade de comando inegável e respeito absoluto conquistado sem alarde ou estrelismo.

     A capacidade de entender o momento atravessado pela sociedade brasileira como um todo, filtrá-lo e repassar à seleção brasileira este novo espírito cívico emanado das ruas, fez com que a equipe, que poderia ter sido erroneamente rotulada como um dos alvos das manifestações, fosse alçada à categoria de representante legítima dos anseios e da capacidade brasileira. Além disso, e talvez o mais importante, o país parece ter finalmente entendido que o futebol apesar de firmemente arraigado na cultura brasileira, é independente e afastado de qualquer movimento político no país, fato que muitas vezes foi deliberadamente confundido. 


     O permanente surgimento e desenvolvimento de novas lideranças é necessário e salutar. O incentivo às crianças a desenvolverem este espírito é o que vai garantir que as mudanças que esperamos para nossa cidade e país tenham continuidade e rendam frutos duradouros.





Coluna 01/07/13

CORTINA DE FUMAÇA

     Em meio à miríade de manifestações acontecendo Brasil afora, vemos o Governo brasileiro reagir de maneira errática e equivocada. Numa sucessão de medidas que são inócuas, inconstitucionais e desprovidas de um real entendimento do que clama a voz que vem das ruas.

     Ao que nos parece, a atual discussão sobre a possibilidade ou viabilidade de um plebiscito ou referendo a respeito da reforma política trata-se apenas de uma manobra que visa tirar o foco das atenções do problema principal. Tergiversar é o termo que se utiliza para esta prática.

     Uma ampla reforma política é certamente necessária em nosso país. No entanto, é necessário que nos utilizemos dos meios legais para que ela seja inquestionável. Desde muito tempo sou defensor da adoção do sistema de eleição legislativa do voto distrital, onde os representantes estaduais e federais seriam escolhidos em cada uma das regiões (ou distritos) espalhados pelo país. Uma das propostas apresentadas é justamente o contrário, o voto em lista, o que concentra poder nas cúpulas partidárias e não garante um contato direto do eleitor com seu representante.

     O financiamento público das campanhas eleitorais também se impõe como uma das soluções para o problema, quando na verdade esta atitude apenas daria ainda mais impulso para procedimentos de caixa dois.

     No entanto, a maior cortina de fumaça que se apresenta é a de afirmar que o plebiscito seria o melhor caminho a ser seguido. As perguntas a ser feitas seriam tantas e tantas seriam as respostas possíveis que, de antemão, inviabilizaria a própria existência do plebiscito. O custo da realização de um eventual plebiscito já foi calculado em cerca de 200 milhões de reais.

     O Governo Federal tem as armas para utilizar no intuito de atender aos anseios das ruas. Mobilizar a base aliada do Congresso Nacional para uma reforma política que torne o processo eleitoral mais claro e torne o parlamentar mais próximo do seu eleitor (o voto distrital). Ao mesmo tempo tornaria a campanha eleitoral mais barata. Além disso, o grande grito que se ouve nas ruas é contra a corrupção e ineficiência do governo, além da impunidade. Quanto à impunidade, ainda aguardamos com esperança a condenação definitiva dos réus do mensalão, o que dará um duro golpe na sensação de impunidade e iniciará verdadeiramente um novo ciclo no país. 


     No entanto contra a corrupção e ineficiência, o Governo Federal tem as armas prontamente nas mãos. A redução do número de ministérios é um dos fatores mais ao alcance do poder executivo e que pode ser realizado sem demora. Sempre fui um defensor da redução da máquina pública em minhas manifestações municipais. Um procedimento da esfera federal neste sentido teria imensas implicações e reverberações em estados e municípios.



Coluna 22/06/13

MANIFESTAÇÕES POPULARES


     Assisti, entre encantado e estarrecido, durante toda esta semana, às manifestações ocorridas em várias cidades de nosso país. Encantado, pois vi, a princípio, uma mobilização popular que buscava reivindicar suas prioridades e manifestar-se removendo séculos de letargia e de acomodação. No entanto, conforme assistia a estas manifestações ficava cada vez mais estarrecido e até mesmo assustado com a facilidade com que radicais e baderneiros infiltraram-se nas manifestações. 

     Em primeiro lugar, qualquer manifestação que atrapalhe os direitos fundamentais dos cidadãos, retirando das pessoas o direito de ir e vir, por exemplo, retirando qualquer possibilidade de opiniões discordantes, exigindo condições inegociáveis e não abrindo espaço para o diálogo é, em minha opinião, uma manifestação falha, para dizer o mínimo.
A propagação deste tipo de movimento por todo o país pode sim ser interpretada como um sentimento de revolta de muitos contra o sistema estabelecido, mas certamente também tem a característica de ter sido impulsionada pelo advento da tecnologia de informação, seja através da replicação de fatos cobertos pela mídia tradicional ou principalmente pela difusão da capacidade de comunicação proporcionada pelas redes sociais e internet. 

     As manifestações oriundas da internet nem sempre tem a característica de ser programáticas ou até mesmo defensáveis quando da exposição clara de motivos e da identidade dos manifestantes. A internet sempre foi um palco de atores escondidos ou no mínimo protegidos pelo anonimato. Em uma manifestação de massa, como as ocorridas recentemente, o “efeito de manada” pôde claramente ser observado na ocorrência de fatos de vandalismo, depredação, saques e violência. Como encontrar culpados no meio da multidão?

     Entretanto, torço e espero que o amadurecimento do movimento faça com que estes atos de bandidagem e vandalismo sejam banidos das manifestações, pois fazem com que a essência da manifestação seja obscurecida pela baderna. 

     A anarquia não é uma alternativa viável, como comprovado pela história. Gostando ou não, é necessário que a política, com todas as correções de rumo que são urgentes e necessárias, possa oferecer as respostas aos anseios da população. O grande fato que gera luz e esperança a partir deste movimento é que seus integrantes descobriram-se como vozes ativas da sociedade, encontraram uma força e poder até então desconhecidos e será extremamente benéfico que todos, de forma ordeira e civilizada, mantenham este espírito recém descoberto para que possam contribuir para o desenvolvimento da cidade e do país.


     Particularmente em nossa cidade, certamente que estarei presente nas manifestações programadas, como um dos cidadãos que clamam por mudanças e também como uma das pessoas que tem que ouvir o que os manifestantes têm a dizer. Qualquer manifestação ordeira, reivindicatória, e que possibilite o diálogo, é benéfica. Temos a firme esperança de estar vivenciando o surgimento de um novo conceito de Brasil.





Coluna 15/06/13



Adaptado do texto de Pierre Shurmann

NÃO MATE UM LEÃO POR DIA, APRENDA A AMAR O SEU.


     Outro dia, tive o privilégio de fazer algo que adoro: fui almoçar com um amigo, hoje chegando perto de seus 70 anos. Gosto disso. São raras as chances que temos de escutar suas histórias e absorver um pouco de sabedoria das pessoas que já passaram por grandes experiências nesta vida. 

     Depois de um longo almoço, no qual falamos bem pouco de negócios mas muito sobre a vida, ele me perguntou sobre meus negócios. Contei um pouco do que estava fazendo e, meio sem querer, disse a ele: "Pois é. Empresário, hoje, tem de matar um leão por dia".

     Sua resposta, rápida e afiada, foi: "Não mate seu leão. Você deveria mesmo era cuidar dele".

     Fiquei surpreso com a resposta e ele provavelmente deve ter notado minha expressão, pois me disse: "Deixe-me lhe contar uma história que quero compartilhar com você". Segue mais ou menos o que consegui lembrar da conversa: 
Pierre, existe um ditado popular antigo que diz que temos de “matar um leão por dia”. E, por muitos anos, eu acreditei nisso, e acordava todos os dias querendo encontrar o tal leão. A vida foi passando e muitas vezes me vi repetindo esta frase.

     Quando cheguei aos 50 anos, meus negócios já tinham crescido e precisava trabalhar um pouco menos, mas sempre me lembrava do tal leão. Afinal, quem não se preocupa quando tem de matar um deles por dia?

     Pois bem. Cheguei aos meus 60 e decidi que era hora de meus filhos começarem a tocar a firma. Mas qual não foi minha surpresa ao ver que nenhum dos três estava preparado! A cada desafio que enfrentavam, parecia que iam desmoronar emocionalmente. Para minha tristeza, tive de voltar à frente dos negócios, até conseguir contratar o Paulo, que hoje é nosso diretor geral. 

     Este “fracasso” me fez pensar muito. O que fiz de errado no meu plano de sucessão? Hoje, do alto de meus quase 70 anos, eu tenho uma suspeita: “a culpa foi do leão”. Novamente, eu fiz cara de surpreso. O que o leão tinha a ver com a história?

     Ele, olhando para o horizonte, como que tentando buscar um passado distante, me disse: "É. Pode ser que a culpa não seja cem por cento do leão, mas fica mais fácil justificar dessa forma”. Porque, desde quando meus filhos eram pequenos, dei tudo para eles.

     Uma educação excelente, oportunidade de morar no exterior, estágio em empresas de amigos. Mas, ao dar tudo a eles, esqueci de dar um leão para cada filho, que era o mais importante.

     Meu jovem, aprendi que somos o resultado de nossos desafios. Com grandes desafios, nos tornamos grandes. Com pequenos desafios, nos tornamos pequenos. Aprendi que, quanto mais bravo o leão, mais gratos temos de ser. 

     Por isso, aprendi a não só respeitar o leão, mas a admirá-lo e a gostar dele. Que a metáfora é importante, mas errônea: não devemos matar um leão por dia, mas sim cuidar do nosso. Porque o dia em que o leão, em nossas vidas morre, começamos a morrer junto com ele." 

     Depois daquele dia, decidi aprender a amar o meu leão. E o que eram desafios se tornaram oportunidades. Para crescer, ser mais forte, e "me virar" nesta selva em que vivemos.






Coluna 08/06/13


A FINITUDE DA VIDA




     Em uma sociedade, como esta que vivemos nos dias atuais, não é muito comum falar a respeito da finitude da existência humana. Afinal, vivemos em um mundo que nos cobra que tenhamos uma vida produtiva e cheia de ocupações “úteis” ou “importantes”.

     Ao ser humano são impostos diversos limites, sejam físicos, psíquicos, financeiros, sociais. No entanto o limite que ninguém sente-se à vontade em comentar é o limite da própria existência, da morte.

     Tratar da morte, a finitude por excelência, não é simplesmente ocupar-se de um tema qualquer. Este tema é considerado assustador ou mesmo desnecessário.

     Este tema, tristemente presente em nossas vidas individuais, tornou-se também presente na vida coletiva de nossa cidade na semana que passou, com a ocorrência das fatalidades de trânsito que vivenciamos. Além da dor das famílias e amigos próximos, a própria comunidade foi afetada e atingida por estas ocorrências. 

     O tema da morte não é estranho às análises filosóficas. Montaigne afirmou que “quem ensinasse os homens a morrer, os ensinaria a viver”. Em uma análise mais contemporânea, constatamos que é preciso resgatar, no mundo atual, a consciência da morte, o que não deve ser entendido como uma preocupação doentia. Pelo contrário, ao reconhecer a finitude da vida, reavaliamos nosso comportamento e escolhas e certamente temos a oportunidade de proceder à análise de nossa priorização de valores.

     Falar sobre a morte tem a ver com a conquista de uma intimidade maior com a própria vida. Negá-la significa fugir aos fatos, recolher-se em distrações. Encarar a nós mesmos, compreender um pouco mais o que estamos fazendo na Terra é precisamente o que a modernidade nos proíbe, pela multiplicação dos objetos do desejo e da cegueira geral. No entanto, em grande parte dos ambientes, causa até indignação e sofre reprimendas quem ousa tratar da morte.

     Em resumo, de acordo com o pensamento estóico de Sêneca, é preciso aprender em vida aquilo que a morte pode nos ensinar. De acordo com este intelectual romano, as pessoas normalmente lamentam ser a vida muito breve, no entanto esquecem-se que o que importa da vida não é a sua extensão, mas o saber viver.

     Em suas palavras “não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma grande parte dela”. “Se a vida for desperdiçada no luxo ou na indiferença, se nenhuma obra é concretizada, se não se respeita nenhum valor, se não realizamos aquilo que deveríamos realizar, sentimos que ela realmente se esvai”.

     Não sabemos quando a vida se acabará e exatamente por isso, é preciso cuidar da vida antes da chegada dos sinais da morte. 



      A consciência da finitude, a possibilidade sempre presente da morte, pode tornar-se uma experiência reveladora e produtora de uma mudança significativa em relação ao modo de encarar a vida.




Coluna 25/05/13



DIVERGÊNCIAS


     Opiniões e posicionamentos diferentes, ou mesmo divergentes são comuns em associações ou reuniões de pessoas. O ser humano, por sua própria natureza, tende a argumentar e defender seus posicionamentos diante de diversas situações do dia a dia. No entanto, nem sempre, divergência ou discordância significa desunião. 

     Se é verdade que as divergências ou discordâncias, algumas vezes, já comprometeram a união entre pessoas e grupos, não se deve dar a esse fato a extensão de uma regra geral, pois é, apenas, um episódio discrepante. Onde há duas pessoas, frente a frente, sempre há o que ou em que discordar. Seria impossível a existência de um grupo humano, por menor que fosse, sem um pensamento discordante, sem uma opinião contrária a qualquer coisa. Entre dois amigos, como entre dois irmãos muito afins, pode haver divergência frontal ou inconciliável, em matéria política, religiosa, social, etc., sem que haja qualquer "arranhão" na amizade. Discutem, discordam, assumem posições opostas, mas continuam unidos.

     Exatamente por esta razão, não é necessário eliminar as divergências ou evitar qualquer discussão para preservar a união de um grupo ou de uma coletividade inteira. O diálogo é uma necessidade, pois é dialogando que trocamos idéias e permutamos opiniões e experiências. Uma comunidade que não admite o diálogo está condenada, por si mesma, a ficar parada no tempo. 

     Evidentemente a discussão deve ser feita em alto nível, apresentando argumentos e ouvindo sinceramente a opinião contrária, para discutir ou divergir, sem prevenções ou ressentimentos. O fato de não concordarmos com a opinião de outra pessoa, neste ou naquele sentido, deve ser encarado com naturalidade, mas não deve servir de motivo para que mudemos a maneira de tratar ou viremos as costas a alguém. 

     A manutenção de um sentimento de cordialidade e de grupo, mesmo com opiniões divergentes é um sinal de maturidade e equilíbrio. Reconhecer que a opinião que é diversa da sua também é válida e merece ser ouvida demonstra que o objetivo maior de qualquer discussão não é “vencer” a discussão, mas atingir o resultado que se espera.

     Não significa enfraquecer o seu ponto de vista a obtenção de opiniões contrárias. Muitas vezes isto apenas fortalece as convicções. Em um ambiente em que se respeitem as condições para que as opiniões sejam ouvidas, analisadas e refletidas, a divergência é salutar e tende ao engrandecimento e aperfeiçoamento contínuo de seus membros.





Coluna  18/05/13




A IMPORTÂNCIA DA ACIC PARA O MUNICÍPIO

                      


     A Associação Empresarial de Caçador (ACIC) é uma entidade que congrega mais de duzentos associados e promove ações que visam beneficiar aos seus sócios, empresários dos mais variados ramos de atividade, observando no associativismo uma das melhores formas de unir forças e lutar por objetivos comuns.

     Entretanto, uma associação comercial além de defender os interesses de seus associados, pode e deve se preocupar com o desenvolvimento da economia local, bem como com o desenvolvimento geral do município. Tem a capacidade de apoiar e auxiliar o poder municipal nas buscas de recursos, definição de prioridades e direcionamento dos investimentos, elevando assim, a ampliação e melhoria do setor produtivo, criando mecanismos de geração de novos postos de trabalho e capacitação do trabalhador.


     A utilização desta capacidade representa uma relevante ferramenta no desenvolvimento, pois torna cada cidadão um ator do processo de desenvolvimento, aumentando sua responsabilidade e interesse pelos assuntos pertinentes.


     Legitimada pela própria pluralidade de seus componentes, a Associação Empresarial de Caçador tem prestado relevantes serviços a seus associados e, por extensão, à cidade de Caçador como um todo. A existência deste tipo de associação demonstra claramente o interesse no bem comum. 


     Esta entidade já apresenta características que podem perfeitamente levar ao desenvolvimento de uma entidade “guarda-chuva”, ou seja, uma entidade maior que abrigue e dê estrutura e logística a outras entidades representativas de nossa cidade. Como exemplo posso citar a ABO – Regional  Alto Vale do Rio do Peixe (a associação dos Cirurgiões Dentistas de Caçador e região) que recentemente ingressou nos quadros associativos da ACIC. 


     Este conceito, aplicado em maior escala, leva ao fortalecimento da entidade e ao incremento de suas responsabilidades. Recentemente tivemos a discussão, na Câmara de Vereadores, de um projeto de lei que visa dar continuidade a um convênio estabelecido entre a Prefeitura Municipal de Caçador e a ACIC, que prevê a cedência de um servidor da Prefeitura para trabalhar na ACIC (mais especificamente na JUCESC, que funciona nas dependências da ACIC). O funcionamento da Junta Comercial na ACIC já demonstra a contrapartida oferecida pela entidade, num esforço de oferecer facilidades aos usuários deste serviço – associados ou não. Entendemos, e este foi nosso posicionamento na sessão, que este convênio é viável, importante e correto. A manutenção deste tipo de convênio ressalta a importância adquirida pela ACIC em todas estas décadas de funcionamento em nossa cidade e um verdadeiro auxílio ao poder público municipal nas demandas de seus cidadãos. 


     Entendemos que uma das principais funções do poder público é a de oferecer os meios que facilitem a obtenção do atendimento às necessidades de todos os cidadãos, sem distinção.


     As responsabilidades e posicionamentos de liderança assumidos por nossa Associação Empresarial, especialmente nos últimos anos, corroboram e justificam este investimento da Prefeitura Municipal. 


     Isto não se trata de assistencialismo, mas sim de investimento, correto, viável e rentável.






Coluna 11/05/13



A FORÇA E O SIMBOLISMO DA IMAGEM





     Assistimos, nesta semana a um episódio que seria inacreditável e cômico, se não fosse trágico e cheio de significados. Durante a visita do presidente recentemente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro, a presidente Dilma Roussef recebeu-o, com todas as honras a que um chefe de estado faz jus e assistiu, sem aparentar qualquer constrangimento, ao episódio da entrega de um presente à nação brasileira, através de sua representante, uma foto do “Eterno Comandante” Hugo Chaves, falecido neste ano.




     O Brasil assiste, calado e conivente, a um processo de desmanche das instituições democráticas neste e em outros países vizinhos e, desde a adoção de políticas de subserviência e aplausos a governantes populistas e fanfarrões, ocorrida há cerca de dez anos.

     Dando continuidade a este sistema inaugurado por seu antecessor, a presidente Dilma Roussef o endossa e se vê obrigada a passar por situações vexatórias como a desta semana. Qual o interesse ou a importância que pode ter a fotografia (em tamanho colossal, diga-se) de um ex-ditador de um país vizinho? Em que distinto local tal fotografia será pendurada? No Palácio do Planalto, quem sabe?

     Por mais que tentem, as vozes dissonantes presentes no Brasil não permitirão que tamanho absurdo aconteça. Ainda não chegamos ao fundo do poço para onde se encaminham Venezuela, Bolívia, Cuba, Equador. É extremamente importante que ressaltemos esta imagem, para que ela nos lembre de onde poderemos chegar se não prezarmos o fortalecimento de nossas instituições democráticas.





Coluna 04/05/13





INDEFINIÇÃO DA SDR

     Perdura, desde o dia 25 de fevereiro, a indefinição a respeito do Secretário de Desenvolvimento Regional de Caçador. Com o afastamento do ex-prefeito Saulo Sperotto vários nomes foram cogitados, avaliados, mas efetivamente, nestes 70 dias, nenhuma definição aconteceu.

     Este assunto merece ser algumas reflexões: no atual modelo de gestão do Estado de Santa Catarina, as SDRs são estruturas que devem funcionar como um braço do governo do estado que esteja mais próximo da população das diversas regiões, que tenha autonomia de decisões e capacidade de gerir e administrar recursos a ser aplicados nas diversas obras e projetos dos diversos setores de investimento público.

     Devem também representar o governo do estado nas questões de pessoal, tais como as negociações com sindicatos de professores, outros servidores públicos, pactos pela saúde e ser as legítimas representantes do Governador do Estado de Santa Catarina, levando a cabo a teoria da descentralização de poder, com todas as suas implicações, como as de redução do poder central, descentralização administrativa e a aproximação e diálogo com o objeto das políticas públicas.

     Evidentemente, por se tratar de um processo relativamente recente, a totalidade destas funções teóricas das SDRs nunca se concretizou por completo.

     Aparentemente vivemos uma alteração na função precípua das SDRs que deixam de ser executoras de obras para ser especificamente coordenadores políticos do governo do estado. As decisões de investimento nunca deixaram de ser executadas pelo poder central em Florianópolis e, como sempre, foram influenciadas, favorável ou desfavoravelmente, pelo trânsito ou representatividade que o ocupante da SDR tivesse. 

     Seja como for, causa-nos preocupação a não nomeação de um Secretário de Desenvolvimento Regional para a SDR de Caçador, o que pode ser interpretado como uma desvalorização do cargo, diminuindo a sua importância no cenário político regional e estadual.

     Diante da ausência de nomes de consenso entre os partidos que compõem a base aliada do Governador Raimundo Colombo, penso que a melhor e mais viável alternativa seria a efetivação do Diretor Geral da SDR, Francisco Stefanes para o cargo de Secretário Regional. Pessoa de reconhecida competência, que conhece os processos dentro da Secretaria e com bom trânsito político com todos os atores envolvidos no processo. No entanto, esta nomeação tem que ser efetiva, para que sejam dadas todas as condições de trabalho, respaldo político e autonomia e que encerre-se, finalmente, este imbróglio da SDR. Nossa cidade e região seriam as primeiras beneficiadas. 




Coluna 27/04/13


A MANIETAÇÃO DO JUDICIÁRIO



     Assistimos nesta semana à aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, de uma proposta de emenda constitucional (PEC) que ultrapassa quaisquer limites do absurdo.

     A referida PEC, inflada de todas as argumentações e justificativas, retira do Supremo Tribunal Federal, sua função precípua, que é a de zelar pelo cumprimento das normas constitucionais.

     De acordo com o texto aprovado pela comissão, as decisões de inconstitucionalidade proferidas pelo Supremo, teriam que ser avalizadas pelo Congresso Nacional, que tomaria para si a decisão final.

     Ora, a própria Constituição Federal, em seu artigo 102, estabelece que esta é uma competência do Poder Judiciário, especialmente do Supremo Tribunal Federal. Sob o argumento que o Supremo passou a assumir o papel de Legislar, o Legislativo pretende, com isso, assumir o papel de Julgar.

     A própria formação das duas casas contradiz este absurdo. O Supremo Tribunal Federal é, a princípio, formado por cidadãos de “notável saber jurídico e reputação ilibada”. Pessoas que detêm o conhecimento e estão teoricamente alheias às pressões da população que, independentemente de maioria ou capacidade de mobilização, não possui o discernimento técnico e a visão de futuro que medidas inconstitucionais podem trazer ao país. 

     A Câmara Federal, por sua vez, é o exato retrato da população brasileira. A legítima “casa do povo” que tem de ser respeitada e se fazer respeitar por sua pluralidade, sua democracia e suas deliberações. O próprio fato de ter representantes eleitos faz com que a capacidade de julgamento técnico ou legal seja comprometida por interesses eleitorais, objetivando não desagradar potenciais eleitores. Os julgamentos são tarefas que necessariamente agradarão alguns e desagradarão outros. Não podem ser levados a cabo tendo em conta pressões ou mobilizações populares.

     Certamente existem erros ou abusos por parte do Judiciário, em especial, por sua relevância, do Supremo Tribunal Federal, que começam pela nomeação, partidária, ideológica e inconseqüente de alguns de seus membros estendem-se por benefícios e contradições e terminam num protagonismo que nunca deveria ser assumido por alguém que necessariamente deveria ser isento e alheio à pressões populares. Poderíamos citar dentre estes abusos, o de legislar sobre aspectos de coligações partidárias, união civil, permissibilidade ao aborto, entre outros, que são, ou deveriam ser, objeto de estudo e manifestação por parte do Congresso Nacional, cuja decisão, aí sim, seria democrática e incontestável. Entretanto, tirar do Poder Judiciário a tarefa de JULGAR é um despropósito e um desserviço à nação.

     Esperemos nos mobilizemos para que nossos representantes façam com que esta discussão não prospere e seja encerrada o mais rapidamente possível. Causa-nos preocupação, no entanto, verificar que esta PEC (que necessita das assinaturas de 1/3 dos deputados federais para ser enviada à CCJ), tenha obtido 218 assinaturas em 25/05/11, dentre as quais 9 assinaturas de deputados catarinenses.




Coluna 20/04/13

Instituições Democráticas

De 2011 para cá, o Brasil descobriu a existência de um Ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que tinha a incumbência de relatar, ou seja, ser o responsável pela principal análise do processo do mensalão e apresentar seu relatório e voto aos demais membros da instância máxima da Justiça Brasileira.

Quando a opinião pública começou a conhecer o seu posicionamento sobre a matéria e sobre diversos outros temas, criou-se uma “aura” mistificadora a seu respeito, qualificando-o como um verdadeiro “salvador da pátria”.

Em contrapartida, setores organizados da imprensa e de movimentos classistas mobilizaram-se para diminuir suas qualidades e enfatizar seus defeitos, alardeando qualquer declaração irrefletida ou atitude que pudesse fazê-lo cair em descrédito junto à população.

Consideramos que esta mistificação das pessoas e não das leis ou das instituições que estas pessoas representam sempre foi e continuará sendo maléfico ao desenvolvimento de um referencial democrático e legalista de uma nação.

O comportamento do ministro Joaquim Barbosa sempre foi exemplar, no cumprimento das funções do cargo que ocupa. Norteado por uma ferrenha defesa dos princípios constitucionais, desempenhou e continua desempenhando seu papel, emblematicamente no julgamento do processo do mensalão.

Suas atitudes ou declarações que expõem as incoerências e arbitrariedades do Sistema Judiciário brasileiro, muitas vezes são deliberadamente distorcidas, a fim de que se crie a dúvida sobre os reais propósitos do ministro. Já atribuiu-se a ele o desejo de candidatar-se à presidência do país, o que beira o absurdo.

O fato preocupante é o sistemático ataque a uma pessoa que hoje exerce a presidência do Poder Judiciário brasileiro e que, portanto, representa este poder. A grande luta da sociedade democrática deve ser a do fortalecimento das instituições, o fiel cumprimento das leis e a despersonalização do poder.

Sempre que se atribui esta aura mítica e de “super-poderes” a alguma pessoa, lentamente vai se percebendo que este culto à pessoa não é um bom caminho a ser seguido. Não existem “salvadores da pátria”. Existem pessoas que, no desempenho de suas funções, colaboram para fortalecer os processos e as instituições, e este é o avanço. Da mesma forma, existem os que se utilizam deste culto à pessoa para tirar benefício próprio, distorcendo informações e contando uma mentira tantas vezes quantas forem necessárias para que ela se transforme em verdade.

Esta é a diferença e o referencial que encontramos em Joaquim Barbosa. Mesmo tendo sido conduzido ao STF pelo ex-presidente Lula, preferiu colocar-se em sua função de zeloso guardião da Constituição Federal e tão somente, fazer cumprir a lei. Além disso, e pelo destaque que recebeu, tem emitido opiniões contundentes sobre a realidade do Sistema Judiciário brasileiro que há muito deveriam ser ditas, mas necessitavam de alguém com coragem, discernimento e respaldo para fazê-lo.










Coluna 13/04/13




Margaret Tatcher


     Numa semana em que tivemos a notícia do falecimento da mulher que foi conhecida como a “Dama de Ferro”,  é oportuno relembrar os fatos , os acertos e os erros que esta grande figura política do século XX legou ao mundo.

     Aos 10 anos de idade, Margaret Hilda Roberts – que viria a se tornar Tatcher por ocasião de seu casamento – venceu um concurso de poesia e ao ser cumprimentada por um professor que comentou sobre sua sorte ao vencer o concurso, respondeu: “Eu não tive sorte. Eu mereci.”

     Esta pequena frase demonstra muito bem o que seria a vida e as crenças desta mulher. Trabalho duro, meritocracia, responsabilidade, firmeza de propósitos e de atitudes que a marcaram e a sua trajetória política.

     Adepta fervorosa de uma ideologia de redução do estado e de liberalismo econômico, assumiu o poder na Grã-Bretanha e buscou ardentemente a redução de taxas inflacionárias que assolavam o país, propondo uma plataforma de governo que envolvia a venda de empresas nacionalizadas (com ela começou o termo “privatização”), corte de gastos do governo, desmantelamento da hegemonia de poderosas organizações sindicais e flexibilização do mercado de trabalho.

     Entre erros e acertos políticos, que a faziam cair nas graças ou nas desgraças do povo, seu legado de sobriedade e de liderança incluem as tratativas de aproximação com o líder soviético Mikhail Gorbachev, que culminaram na queda do muro de Berlim, em 1989, dando fim a 44 anos de Guerra Fria. Muito além de ser a primeira mulher a chefiar o governo de um país de grande influência mundial, seu legado histórico pode ser sentido até os dias atuais. A ela são atribuídas algumas frases  como "O socialismo é muito bom até que o dinheiro dos outros acabe".

     Demonstrou sua determinação implacável na política externa ao entrar em guerra com a Argentina, em 1982, quando, numa tentativa de angariar apoio popular, o governo militar do país vizinho invadiu as ilhas Malvinas. Defendeu a pequena população local, que repudiava a invasão, e protegeu a soberania nacional de seu país. Longe de ser unanimidade, em seu país ou fora dele, Margaret Tatcher soube conduzir sua vida e sua trajetória de maneira coerente e obstinada.

     Ela continuou a ser apaixonadamente detestada por alguns e admirada e respeitada por outros, mesmo muito tempo depois que ela deixou o cargo, e seu legado será debatido por décadas - ou séculos. O que é indiscutível é a proposição de que ela era, em todos os sentidos da palavra, uma líder. Sempre deixou claro de que lado ela estava. Certamente teria continuado por ainda mais tempo no comando da Grã-Bretanha se tivesse sido um pouco mais flexível. Mas, neste caso, não teria sido Margaret Tatcher.







Coluna 06/04/13


A ERA DA INFORMAÇÃO E AS DISTORÇÕES DA MÍDIA


Vivemos, atualmente, num mundo cercado das mais diversas fontes de informação. Jornais, rádios, a onipresente televisão, ganharam a companhia da internet com seus sites, blogs, redes sociais, que diariamente nos bombardeiam com as mais diversas informações a respeito de tudo o que quisermos e do que não quisermos também. No entanto, existe uma abissal diferença entre “informação” e “conhecimento”.

Pouco tempo atrás (10 anos, talvez) dizia-se que viveríamos uma era em que quem dispusesse das informações teria as ferramentas para destacar-se em um ambiente cada vez mais competitivo. Esta afirmação provou-se incorreta, ou ao menos incompleta, quando detectou-se que a informação necessita de uma ampla bagagem cultural, política e vivencial para que possa ser adequadamente filtrada, selecionada, analisada e por fim tenha a validade necessária para que se transforme em conhecimento útil e aproveitável.

Diante de um dia a dia cada vez mais agitado e cercado de compromissos das mais diversas naturezas, a sociedade inconscientemente delegou aos veículos de comunicação o papel de filtro e análise destas informações. A velocidade com que qualquer boato espalhado na internet atinge o status de verdade absoluta é uma comprovação deste fato.

Sob este prisma, é interessante analisar o papel e a importância que os tradicionais veículos de comunicação vêm assumindo e o imenso valor da liberdade de imprensa, de expressão e de opinião.

Uma vez que a divulgação de fatos, notícias e acontecimentos nunca é absolutamente isenta de opiniões, a defesa intransigente da liberdade de expressão é imprescindível. É absolutamente necessária a pluralidade de opiniões e a liberdade para emitir estas opiniões. Todas as vezes em que assistimos calados às pressões de minorias barulhentas para suprimir direitos duramente conquistados pela democracia, corremos o risco de permitirmos um passo a mais em direção ao controle da mídia pelo estado, o que seria o estágio final de um processo de condicionamento da verdade.

Mesmo quando os veículos de comunicação emitem opiniões diversas das nossas ou quando omitem fatos que gostaríamos de ver divulgados, a importância ou a relevância destes veículos não deve ser desprezada. Sabemos que, especialmente quando a educação e cultura da maior parte da população é deficiente, a capacidade de manipulação de informações pode alterar ou condicionar as pressões da sociedade sobre as instâncias de governo. Isto só reforça a necessidade de fortalecimento das instituições democráticas. Um exemplo recente desta afirmação foi o julgamento do caso do mensalão pelo STF que, apesar da demora e do excesso de recursos permitidos pelo sistema judiciário brasileiro, vem se transformando (o julgamento ainda não acabou, sem a publicação do acórdão) em um exemplo de aplicação das normas descritas pela lei, sem pressões da mídia ou de grupos de interesse.

Por outro lado, percebemos mais recentemente, a utilização da imprensa como fomentador e estimulador de pressões das minorias barulhentas, citando especificamente o caso da nomeação da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, onde tenta-se solapar os princípios fundamentais da democracia. Uma vez que cumpriu-se com todos os trâmites democráticos e legais para que o deputado assumisse esta presidência, é inconcebível que utilize-se de baderna, pressões de imprensa ou qualquer outro meio para prejudicar o funcionamento democrático e legal de qualquer órgão, ainda que não se concorde com opiniões ou posicionamentos emitidos anteriormente por qualquer pessoa.

Da mesma maneira, a alegação de contrapartida de que devesse ser cerceado o direito dos deputados previamente condenados no processo do mensalão, (José Genoíno e João Paulo Cunha) da participação na Comisão de Constituição e Justiça da Câmara é inválida, com os mesmos argumentos.

Entretanto, sobre esta segunda arbitrariedade pouco ou quase nada é falado. Certamente os dois grupos posicionam-se contra o processo democrático. A diferença é que o barulho e o alcance do primeiro são maiores e encontram maior repercussão do que o do segundo. Isto é o que chamamos de distorções trazidas pela mídia mas que, mesmo com estas distorções, deve ser respeitada, valorizada e sim, questionada.






Coluna 30/03/13



DIREITA E ESQUERDA

     As definições dos termos “direita” e “esquerda”, no campo político, apesar de muito utilizadas são, boa parte das vezes, mal compreendidas. É necessário que se faça uma análise aprofundada destes termos para que se possa ter um real entendimento de posturas e posições, ainda mais em nosso país, onde o termo “direita” passou a ser considerado quase como um “pecado”.
     
     Os termos surgiram na época da revolução francesa, ainda que suas definições tenham tido evolução e desenvolvimento separadamente. 

     Baseado em posicionamento dos partidos que haviam derrubado a monarquia absolutista, e instaurado a república na França, os mais conservadores (girondinos) sentados à direita da assembléia e os mais radicais (jacobinos) mais à esquerda, deu-se origem a estes termos.

     Porém as definições existem e vêm sendo construídas desde muito antes, apenas ficaram evidenciadas com o advento da revolução, na França, na Inglaterra e em vários outros países, com diferenças fundamentais entre estas revoluções.

     Na França, a revolução teve a preponderância da vertente humanista do iluminismo.

     Para os iluministas humanistas, o ser humano era plenamente capaz de criar uma sociedade totalmente nova. A fé na capacidade, na racionalidade e na natureza boa do homem tornava esse sonho possível. E se o ser humano tinha essa capacidade toda de transformar o mundo, ele tinha como obrigação buscar essa transformação.

     Baseando-se, então, no humanismo (essa crença na bondade natural do homem e em sua capacidade de transformar a sociedade) esses iluministas costumavam a defender uma maior participação do Estado revolucionário na economia, um governo mais intervencionista, a radicalização das ações revolucionárias, uma maior valorização do coletivismo, a defesa a todo o custo de minorias, a excitação das massas e a luta pela igualdade social. Eram ações que visavam o alcance dessa sociedade paradisíaca que eles almejavam. Esses iluministas da vertente humanista passaram a ser denominados como Esquerda. E é deste modo até os dias atuais. 

     A revolução inglesa, para dar um exemplo, teve inspiração na vertente realista do iluminismo.

     Era uma vertente mais cética do iluminismo no que se refere à natureza do ser humano e a sua capacidade de transformar totalmente o mundo. Para o realista, o ser humano não era bom por natureza, mas sim naturalmente inclinado ao mal e incapaz de mudar sua natureza. Isso não quer dizer que não existia uma moral. Entretanto, o realista reconhecia no ser humano uma tendência a não obedecer a essa moral.

      Portanto, o iluminista realista era extremamente desconfiado do ser humano e do governo. Ele não acreditava que os homens poderiam formar um paraíso na terra e tinha aversão a um governo que tomasse para si muitas funções, porque isso gerava um risco muito grande de o governo abusar de seu poder, tornando-se despótico. Defendiam as idéias do liberalismo clássico (como o livre comércio, a autonomia do indivíduo, um Estado pouco intervencionista e um governo com o poder bem limitado pelas leis).

     Estes iluministas de vertente realista passaram a ser chamados de Direita, em oposição aos iluministas humanistas (Esquerda). E do mesmo modo é assim até os dias atuais. A definição é fixa e concreta. Direita é o posicionamento que se distancia do humanismo, baseando-se no liberalismo clássico, visões que encaram com pessimismo a natureza do homem e sua capacidade de transformar o mundo em um paraíso. 

     A compreensão teórica destas duas linhas de pensamento é fundamental para entendermos e aceitarmos suas diferentes formas de ver o mundo e pensar nas soluções para os desafios enfrentados.





Coluna 23/03/13

Olá amigos!

Estamos inaugurando mais um espaço de comunicação com a população de Caçador. Fomos convidados pela direção do Jornal Informe para elaborarmos, semanalmente, uma coluna onde discutiremos os mais diversos assuntos e opiniões. Pretendemos não ficar atrelados a um tema específico. Entendemos que todas as nossas ações são manifestações políticas em sua essência, onde tratamos da convivência em sociedade. Os conceitos que serão aqui tratados não são, nem pretendem ser, imutáveis ou absolutos. Tratam-se, isso sim, de opiniões, pontos de vista que pretendemos emitir, assumindo total responsabilidade pelos nossos enfoques.

Coincidentemente, a data do início desta coluna se dá exatamente em um momento de especial significado para nossa cidade, a comemoração dos 79 anos de emancipação político-administrativa de nossa cidade.

Mais do que uma data de “aniversário do município” ou “mais um feriado”, esta data merece ser lembrada e comemorada em nome de todos os cidadãos caçadorenses que, cada um a sua maneira e de acordo com suas possibilidades, contribuiu e continua contribuindo com o surgimento, crescimento e desenvolvimento desta cidade. Desde o desbravador Francisco Corrêa de Melo e sua família, que aqui fincaram raízes e possibilitaram a vinda de cada vez mais pessoas para a “vila”, passando pelo Decreto 508, que instituiu legalmente o município e culminando no dia 25 de março de 1934 quando, no local onde hoje encontra-se a agência do Banco do Brasil, procedeu-se a instalação oficial do município, muita história existe para ser contada. No entanto é a partir deste momento que Caçador passa a oficialmente existir e buscar o seu desenvolvimento.

Cada uma das pessoas que por aqui passou, viveu, criou seus filhos e teve seus sonhos contribuiu para tornar nossa cidade exatamente como ela é hoje.

Isto nos demonstra que temos também a nossa responsabilidade. A Caçador de amanhã é o resultado das escolhas e atitudes que tomamos hoje. Todos nós. Cada um dos integrantes de nossa população pode, e invariavelmente irá, tomar decisões que contribuirão para a criação da Caçador dos anos vindouros.

Que cidade será esta? Como viverão seus habitantes? Quais os problemas sociais, urbanos ou de desenvolvimento que serão enfrentados? Que soluções já terão sido encontradas? As respostas a estas e a muitas outras questões somos nós, população caçadorense, que teremos que encontrar. É no dia de hoje que se constrói o amanhã.

A cidade é fruto do trabalho coletivo de uma sociedade. Nela está materializada a história de um povo, suas relações sociais, políticas, econômicas, religiosas. Sua existência ao longo do tempo talvez tenha sido determinada pela própria necessidade humana de se agregar, de se interrelacionar, de trocar bens e serviços, de se organizar em torno do bem comum.

Mais do que “um rio pequenino, que deu nome à minha cidade”, Caçador é a minha terra, e é também a sua, a nossa. Cabe a nós a definição dos rumos e destinos desta terra. A consciência da dimensão desta responsabilidade nos demonstra o quanto é importante a reflexão e sim, a comemoração desta data. Parabéns Caçador. Parabéns caçadorenses.