quarta-feira, 30 de março de 2016

Requerimento - Festa do Município


     Cumprindo uma das funções principais do Poder Legislativo, que é a de fiscalização da Administração, apresentamos neste mês de março, requerimento a respeito da realização da Festa do Município. O requerimento foi feito inclusive antes da própria realização da festa, motivado por alguns problemas que estavam na iminência de acontecer.

     Atuando preventivamente, solicitamos informações para o esclarecimento de algumas dúvidas, que reproduzimos a seguir. 

a) A festa é uma festa realizada pela Administração Pública Municipal, ou é, como já ouvimos, uma festa “terceirizada”? Qual o volume de recursos investidos pelo poder público em sua realização?

b) Sendo uma festa realizada pelo poder público, procede a informação de que as entidades que tradicionalmente utilizam-se do evento para realizar atividades e angariar fundos que acabam revertendo em benefícios para a população, estariam proibidas de comercializar os produtos que tradicionalmente comercializam?

c) Qual o motivo para haver a obrigatoriedade de aquisição de bebidas com o fornecedor oficial, a um custo o dobro do normal, fazendo com que a população pague mais e as entidades não tenham lucro nesta venda?

Em contatos informais, tínhamos recebido as informações de que a festa deste ano seria uma “festa terceirizada”, que as entidades não poderiam vender os produtos que tradicionalmente comercializam e que as bebidas teriam que ser adquiridas a um custo exorbitante, eliminando quase por completo qualquer margem de lucro que as entidades poderiam obter com esta comercialização. 

     Na semana anterior à realização da Festa já tivemos a satisfação de receber a informação das próprias entidades caçadorenses que sempre desempenham suas atividades no Parque nas datas festivas de que a informação que efetivamente existiu, de que elas não poderiam fazer a comercialização de seus produtos não procedia, estando liberadas para exercer o seu papel e obter os resultados que sempre foram revertidos em atividades para a própria cidade de Caçador. 

     Consideramos, com isto, que nossa atuação preventiva teve um bom efeito. 

     Recebemos recentemente a informação oficial advinda da própria Prefeitura que, efetivamente, neste ano a festa foi entregue a uma empresa, vencedora de um processo licitatório, e que a organização ficou a cargo desta empresa. Foram investidos R$ 349.500,00 de recursos públicos para pagamento desta empresa, que se responsabilizava por todos os procedimentos de organização da festa. 

     Cumpre ressaltar que, a despeito de as informações de prestação de contas da festa do ano de 2015 terem sido prestadas de maneira incompleta, ensejando novas solicitações de informações por parte da Câmara, o valor é cerca de metade do investido em outros anos. É necessário avaliar qual a melhor estratégia para a realização destes eventos e qual a justificativa para uma festa organizada por pessoal próprio da prefeitura custar o dobro do que uma festa "terceirizada".

     Em relação à exclusividade de venda das bebidas, efetivamente encontra-se no edital de licitação, não havendo nenhuma providência a ser tomada. No entanto, é complicado perceber que, com esta atitude, a população pagou mais caro e as entidades não tiveram lucro.

     De qualquer forma, nossa atuação foi sempre a de buscarmos resguardar os interesses da população caçadorense que participou da festa, seja trabalhando, seja aproveitando o evento. 



terça-feira, 29 de março de 2016

Indicação - Rua Irmão Tomaz - "Córrego do Santelmo"


     Recentemente apresentamos uma indicação importantíssima para a segurança de todos os cidadãos caçadorenses, especialmente os estudantes do Colégio Estadual Dom Orlando Dotti. 

     Trata-se da necessidade urgente de recuperação da Rua Irmão Tomaz, junto ao "Córrego do Santelmo", antigo "Arroio do Curtume" que, ao longo dos últimos dois anos apresenta uma grande erosão à montante do referido córrego, destruindo mais de dois metros da rua, além da inexistência do imprescindível passeio da área. 

     Justificamos tal solicitação argumentando que as seguidas e frequentes precipitações têm ocasionando, paulatinamente, a perda estrutural da rua, fato inclusive reconhecido pela administração municipal que providenciou soluções paliativas com o isolamento da área com fitas e até cavaletes metálicos. 

     No entanto, a situação atual chegou a um tal limite, que põe em risco a segurança dos usuários da via, especialmente em horários de saída da aula do Colégio Dom Orlando Dotti, o que, somado à ausência de passeios na região e o trânsito de ônibus escolares que a cada dia passam mais perto do defeito na pista, faz com que aproxime-se o dia em que teremos um acidente de potencial risco naquele local, se nenhuma providência definitiva for tomada. 

     Tal medida deixou de ser apenas recomendada e passou a ser imprescindível, na obtenção de condições mínimas de segurança e respeito à população.

     Com grande satisfação observamos que, nos últimos dias, iniciaram os trabalhos da Secretaria de Infraestrutura no local, com serviços não apenas paliativos, mas com certa estrutura, buscando exatamente esta solução definitiva, uma maneira mais eficiente de investir tempo e recursos públicos. Os trabalhos ainda não estão concluídos, mas seu início já é motivo de comemoração. Aguardamos sua conclusão, com todas as suas etapas, o mais brevemente possível. 

     De pronto agradeço à atenção à nossa solicitação à equipe da Secretaria e também da Administração Municipal. 


Indicações


     Apresentamos recentemente, dentre nossas indicações na Câmara Municipal, a solicitação para que a DITTESC providencie a pintura de "Marcação de Área de Conflito", conforme preconizado no Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito - Volume IV - Sinalização Horizontal - Item 6.6.

     A solicitação foi destinada ao cruzamento da Rua Herculano Coelho de Souza com a Rua Miguel Couto, permitindo aos veículos provenientes desta última adentrarem à Rua Herculano Coelho de Souza, especialmente atingindo a faixa da direita do semáforo desta com a Avenida Barão do Rio Branco, facilitando o fluxo de tráfego naquela região. 

     Ressaltamos tratar-se de uma simples medida, que visa orientar aos condutores desavisados da obviedade de uma medida que pode facilitar em muito o fluxo de tráfego naquela região. 

     Além disso, em conjunto com a Vereadora Cleony, apresentamos indicação de melhoria para a Rua Itapiranga, tanto no sentido de combate e fiscalização ao excesso de velocidade, quanto em relação à existência de esgoto a céu aberto, sem uma adequada drenagem naquele local. Situações que precisam ser sanadas o mais brevemente possível. 

     Ainda, em conjunto com o Vereador Carlos Evandro Luz, apresentamos indicação de melhoria que há muito se faz necessária, da adequação do leito da ciclovia existente ao lado da Rua Onio Pedrassani, em virtude de diversas irregularidades no piso, além de trechos tomados pelo mato. 

Comissão Revisora do Regimento Interno


     Durante o mês de março tiveram início os trabalhos da Comissão Especial Revisora do Regimento Interno da Câmara Municipal. 

     À semelhança do que ocorreu com a revisão da Lei Orgânica do Município, que aconteceu durante o ano de 2015, neste ano já era previsto que haveria a revisão do Regimento Interno, haja visto que este último deriva da primeira e era necessário que fosse concluída a Lei Orgânica para que a revisão do Regimento fosse otimizada. 

     Tratam-se de projetos revestidos da maior importância no contexto legislativo do Município. Juntas, estas revisões trarão uma melhor fluidez e regras mais bem definidas ao processo legislativo, pensando não apenas nesta legislatura, mas no trabalho futuro, que será desempenhado nos anos que virão. 


     Os componentes da comissão são representantes dos cinco partidos que contam com vereadores nesta legislatura, os mesmos que já faziam parte da comissão da Lei Orgânica, os vereadores Carlos Evandro Luz (PMDB), Cleony Lopes Barbosa Figur (PSD), Fernando Scolaro (PDT), Ricardo Pelegrinello (PT), além de mim mesmo, representando o DEM. 

     Novamente fui conduzido à Presidência da Comissão e pretendo retribuir esta confiança através de um trabalho sério e profícuo, para que os resultados sejam alcançados, da mesma forma que já ocorreu com a Comissão da Lei Orgânica. 

Comissão de Legislação - Presidência Interina


     Com a licença do Vereador Carlos Evandro Luz durante o mes de março, tivemos a oportunidade de assumir, interinamente, a presidência da Comissão de Legislação, Justiça e Redação da Câmara de Vereadores. 


     Regimentalmente, há um impedimento de o vereador suplente que assume temporariamente assumir à Presidência de Comissão. Desta maneira, o vereador Roberto Pires de Camargo, que assumiu como suplente, não poderia assumir o encargo de Presidente da Comissão, que era desempenhado pelo vereador Carlos Evandro Luz. 

     A Comissão de Legislação é a primeira comissão técnica da Câmara, responsável pela análise dos aspectos constitucional, legal, regimental, jurídico e de técnica legislativa de todas as proposições que adentram à Câmara, em especial os Projetos de Lei. 


     Desempenhamos esta função durante o mês de março, conduzindo as reuniões da Comissão e dando andamento à análise dos projetos de lei. Agradeço aos Vereadores Valmor de Paula e Roberto Pires de Camargo, pela confiança em mim depositada para o desempenho desta função. Finda a licença do vereador Carlão, retornará a Comissão à sua formação original. 

segunda-feira, 28 de março de 2016

Travessa Elvino Moreira


     Um segundo projeto de lei de nossa autoria que foi a votação no final do mês de fevereiro foi o da denominação da "Travessa Elvino Moreira", na área central de nossa cidade. 

     Denominando a pequena via que liga a Rua Osório Timmermann com a Rua Benedito Ponciano, dando acesso ao Parque Central, a referida via faz parte da malha viária de nossa cidade desde o ano de 2012, servindo como importante ligação de tráfego. 

     A homenagem faz referência a um dos personagens de nossa cidade de Caçador, que aqui viveu por 65 anos. 

     Elvino Moreira nasceu em Três Barras - SC, em 30 de julho de 1924. Filho de Arlindo e Maria Augusta Moreira.

     Trabalhou na Madeireira Lumber e serviu o Exercito Brasileiro no Rio de Janeiro, vindo para Caçador em 1947. Barbeiro de profissão desde esta data, tinha orgulho da profissão que escolheu e dizia: “Não deu para ganhar dinheiro, mas para viver e criar os filhos com dignidade”.

     Politizado, sua escola foi o PSD e o “Getulismo”, e conservava a Carta Testamento do ex-presidente em um quadro. Eleito suplente de vereador, assumiu uma vaga na Câmara por determinado tempo, na gestão do ex-prefeito Carlos Alberto da Costa Neves.

     Afirmava amar esta cidade, e por muitas vezes auxiliou a polícia voluntariamente. Aconselhava aos que chegavam ao seu salão para conversar: “Muito estudo, trabalho e honestidade, sem estudo não se consegue um lugar ao sol”.

     Casado com Noêmia Bento Moreira, pai de seis filhos, fez de sua vida um projeto de muita esperança. Dinâmico e alegre, tinha sempre uma palavra amiga aos que se acercavam dele.

     Faleceu com 87 anos, no dia 3 de março de 2012.

     Por iniciativa da família, parte dos pertences de seu salão de barbeiro foram doados ao Museu do Contestado, fazendo parte de seu acervo.

     Quando de seu falecimento, a escritora caçadorense Ivana Coldebella, sua vizinha, escreveu a seguinte homenagem, publicada em jornais de nosso município:

RUA CARLOS SPERANÇA

Quanto dura uma vida? O tempo necessário para fazermos as malas e esperarmos os segundos que nos separam da eternidade. Para uns o caminho é mais curto, para outros mais longo se faz, mas o que importa realmente é estarmos prontos, na estação, esperando o apito do trem da vida que nos convida a viajar. 

O que nos será cobrado? Apenas: "Filho, quanto você amou?" e poderia o Amor Absoluto querer mais do que: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei"? O triste da partida são aqueles que ficam sem chance de adiantar sua viagem e partir com o amado ou amada.

"Seu Moreira" comprou um bilhete com o número 87: oitenta e sete anos de parada na estação terra, para ganhar com sua partida a Eterna e Verdadeira Vida. Não se despediu, foi aos poucos se achegando à estação, decaindo, cansando destes ilusórios dias; seu coração batia mais fraco, suas mãos já não manuseavam com a mesma maestria as amigas tesouras e navalhas, ele simplesmente cansou e sentindo que era hora de partir fechou sua famosa barbearia.

Sábado passado foi colocado uma tarja preta na porta do oficio que ele tanto amou. A Rua Carlos Sperança silenciou em sinal de respeito e gratidão. Infelizmente seu coração parou às 11 horas da manhã e ele levantou do seu leito de hospital e voou rumo à luz que veio convidá- lo a conhecer outro lugar onde só existe paz, alegria e muito amor.

Deixa em nossos corações a alegria de havê-lo conhecido; a alegria de ter com ele convivido, conversado, rido, confidenciado e o encantamento de suas aventuras nas estórias de sua vida.

Quem o via falar grosso não conhecia a ternura imensa que levava em seu coração, nem as dores pela perda de uma filha, nem a divisão de seus amores. Via apenas a roupagem que cobria o devoto de Nossa Senhora Aparecida.

Seu Moreira, querido amigo, que eternamente a paz habite sua alma; na nossa fica a saudade do maravilhoso amigo e querido vizinho. Quem sabe, um dia qualquer, de um mês qualquer, de um ano qualquer ouça o assovio chamando para o café, e irei sorrindo, tranquila, feliz por poder revê-lo e àqueles que em vida tanto amei. Até este dia, Seu Moreira, e obrigada por ter feito parte da minha vida e da minha infância.

Ivana Coldebella

Travessa Leônidas Coelho de Souza


     Nas últimas sessões do mes de fevereiro, tivemos a oportunidade de vermos aprovados dois projetos de lei, de nossa autoria, referentes à organização urbana de nossa cidade.

     O primeiro deles foi a denominação de uma das vias de Caçador com o nome de "Travessa Leônidas Coelho de Souza. 

     Personagem histórico, foi o primeiro prefeito de Caçador e um dos mais destacados batalhadores para que nosso município fosse emancipado, ainda em 1934. 

     Fizemos acompanhar o projeto de lei um extenso histórico deste destacado cidadão, assim como as garantias jurídicas, a partir da análise da Procuradoria Jurídica do Município, que asseguram a possibilidade legal da denominação daquela via, uma vez que poderia ser interpretada como uma “faixa de domínio” da Rede Ferroviária, hoje operada pela América Latina Logística.

     Com grande propriedade, pudemos relembrar aos nobres pares que a via é consolidada e obrigatoriamente tem que ser encarada como uma via pública, fazendo parte de nossa malha viária.

     Ninguém poderia colocar em dúvida tal afirmação, haja visto que há mais de 40 anos tal trecho existe e auxilia a desafogar um dos principais cruzamentos de trânsito de nossa cidade.

     A argumentação de que tal denominação não seria necessária, pois nunca serão instaladas residências ou estabelecimentos na via, também cai por terra quando verificamos as reais necessidades de comunicação a órgãos públicos a respeito de ocorrências neste local, sem conseguirmos descrever adequada e simplesmente a que trecho da cidade estamos nos referindo.

     Finalmente, a homenagem prestada a tão destacada personalidade de nosso município é, sem dúvida nenhuma, absolutamente tardia, mas pode ser interpretado como a correção de uma injustiça histórica que fez com que o município de Caçador não tivesse prestado a mínima deferência a quem tanto fez por sua história. A análise de seu extenso currículo fala por si própria.

     Leônidas Coelho de Souza nasceu em São João do Montenegro - RS a 18 de junho de 1889. Terceiro filho de Albano Coelho de Souza e de Idalina Brochier Coelho de Souza, cursou as Primeiras Letras em Montenegro. Antes de completar 18 anos, trabalhou na Estrada de Ferro Montenegro-Caxias do Sul, de dezembro de 1905 a 31 de janeiro de 1910, quando embarcou para Piracicaba, para estudar agronomia.

     Formou-se em Engenharia Agronômica na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, no Estado de São Paulo, em 8 de novembro de 1912, após o que retornou ao Rio Grande do Sul. Com seu pai, Leônidas trabalhou na Estrada de Ferro São Pedro do Sul-São Borja, na construção do Ramal Dilhermando de Assis-São Borja, de dezembro de 1912 a 28 de fevereiro de 1915. Neste tempo, integrou o 34º Batalhão da Reserva da Guarda Nacional, da Comarca de Caxias do Sul, como Tenente-Secretário. Também trabalhou na Estrada de Ferro Jacuhy, de junho de 1917 a março de 1919. Com o pai e irmãos, integrou a Empresa Irmãos Coelho de Souza Ltda., por eles fundada no ano de 1919 em São Jerônimo.
  
     Em outubro de 1919, com amigos, o agrônomo Leônidas Coelho de Souza empreitou a construção da estrada de rodagem em Santa Catarina, em Campos Novos, entre Erval Velho e o Rio Canoas (hoje trecho da BR-282), com 81 km de extensão, cuja obra foi concluída em janeiro de 1923. Leônidas retornou ao Rio Grande do Sul, onde, iniciando-se nas atividades político-partidárias, no dia 9 de julho de 1924, com 1.471 votos, foi eleito Vereador, membro titular do Conselho Municipal de São João do Montenegro.

     A 23 de maio de 1925, em Porto Alegre, participou do corpo acionário da Cia. Territorial Sul Brasil, empreendimento este que, em seguida, foi transformado em sociedade anônima. A Companhia Territorial Sul Brasil S/A, como nova empresa construtora e colonizadora, incorporou a Empresa Construtora e Colonizadora Oeste Ltda., com as terras devolutas na região de Chapecó, que havia recebido do Estado de Santa Catarina, a partir do que a empresa passou a deter mais de um bilhão de metros quadrados de terras para colonização no Grande Oeste Catarinense, do Vale do Rio do Peixe à fronteira com a Argentina. 

     Com os haveres da Empresa Colonizadora Oeste Catarinense Ltda., em 1926, a família transferiu a empresa Construtora e Colonizadora Irmãos Coelho de Souza Ltda., estabelecendo-a em Rio Caçador, então nova moradia de Leônidas Coelho de Souza, em companhia da esposa, Dona Helena e seus filhos, além dos irmãos Carlos Augusto, Solon, e Licurgo e duas irmãs, com os cunhados José Garibaldi da Rocha Timm e Artur Dreyer. Seis anos mais tarde, entre 1932 e 1933, aportam em Caçador mais dois irmãos: Djalma e Herculano, juntamente com mais três irmãs e os cunhados João Francisco Batista, João Cândido Batista e Antônio Batista.

     Em 1926, Leônidas Coelho de Souza foi eleito Vereador no Município de Chapecó, sendo VicePresidente da Câmara, cargo que desempenhou durante o ano de 1927, enquanto ali atuou como colonizador de terras. Por volta de 1928, estava de retorno a Rio Caçador, onde foi um dos propugnadores pela instalação de um Tiro de Guerra e do Ginásio Aurora, o primeiro do Oeste Catarinense neste nível de ensino, do qual veio a ser Inspetor Escolar durante dois anos. Em 1928, foi designado pelo município de Cruzeiro (atual Joaçaba) para organizar o quadro urbano da sede distrital da Vila Caçador, quando então abriu os trabalhos pró-emancipação do futuro Município de Caçador. Em Cruzeiro, trabalhou como Secretário Municipal e, interinamente, foi seu Interventor Municipal (Prefeito, na época) em julho e em dezembro de 1932.

     A empresa, organizada pela família, dedicada à abertura de estradas e colonizadora de terras, abriu a estrada pioneira de Caçador a Palmas, via Taquara Verde, o trecho da Estrada Estratégica Matos Costa-Palmas, via General Carneiro, e trechos de estradas entre Joaçaba e Lages (atual BR 282). Neste tempo, os irmãos colonizaram 21 mil alqueires de terras, em Santa Catarina e no Paraná, propriedades havidas do Estado em pagamento pela construção de diversas estradas, logo se revelando grandes empreendedores.

     Em 1930, Leônidas Coelho de Souza estava em São João, atual cidade de Matos Costa (SC), abrindo estrada interestadual (Estrada Estratégica que ligaria Porto União da Vitória a Palmas), quando eclodiu a Revolução Getulista. Ali e em Caçador, com a família, rapidamente organizou os batalhões patrióticos da antiga Guarda Nacional. Na patente de Tenente Coronel, com 880 homens controlou a linha férrea, São Paulo-Rio Grande, de União da Vitória, no Rio Iguaçu, a Marcelino Ramos, no Rio Uruguai, viabilizando, em outubro, a passagem segura por Santa Catarina de Getúlio Vargas até São Paulo e Rio de Janeiro.

     Durante o período revolucionário-constitucionalista de 1932, agora com o posto de Coronel, Leônidas foi nomeado Chefe do Serviço de Engenharia da Coluna General João Francisco, das Forças do Exército, atuantes na área de Jacarezinho – SP. A 1º de novembro assumiu interinamente a Chefia do Estado Maior da Coluna, em substituição ao comandante efetivo, Coronel Moreira Lima. Devido à dissolução da coluna, foi dispensado a 7 de novembro de 1932.

     Em 1933, liderou o movimento popular desencadeado no Alto Vale do Rio do Peixe para a criação do Município de Caçador, com a sede formada pela junção de duas vilas distritais, a Vila Rio Caçador (de Curitibanos) e a Vila Caçador, ou Santelmo (de Porto União), separadas pelo leito do Rio do Peixe. Foi o principal articulador deste movimento junto às autoridades estaduais, obtendo êxito a 22 de fevereiro de 1934, quando foi publicado o decreto de criação do novo município.

     Em março de 1934, foi nomeado, pelo Interventor Estadual, Coronel Aristiliano Ramos, como o primeiro Prefeito Provisório do recém-instalado Município de Caçador, ficando neste cargo até abril do ano seguinte. Entre agosto e outubro de 1934, quando da eleição de deputados federais e estaduais constituintes, o recém-criado Município de Caçador, no Alto Vale do Rio do Peixe, elegeu seu primeiro deputado estadual, Leônidas Coelho de Souza, pelo Partido Liberal, com 35.226 votos. Entretanto, não tomou posse e, com isso, Leônidas permitiria a ascensão da suplente imediata, Antonieta de Barros, representante da minoria negra na Capital, ela que viria a ser a primeira mulher a ocupar uma cadeira no Poder Legislativo Catarinense, reconduzida também para a legislatura 1947-1951, na condição de suplente convocada.

     Em dezembro de 1934, durante os trabalhos de construção da estrada de rodagem Caçador/Palmas, junto ao patrimônio público de Taquara Verde, os irmãos Coelho de Souza descobriram petróleo. Com a jazida registrada, promoveram várias perfurações entre 1937 e 1940 no interior da Fazenda Torres, fazendo o “ouro negro” jorrar pela primeira vez em Santa Catarina, até que o Governo Federal determinou o lacre dos poços e proibiu novas perfurações.

     Merecendo tratamentos respeitosos, ora de Coronel (da Guarda Nacional), ora de Doutor (por ser formado em Agronomia), o Sr. Leônidas Coelho de Souza regressou ao Rio Grande do Sul em 1936. Atuou na Prefeitura de Erechim, na organização de Escola Agrícola, de novembro de 1936 a maio de 1937. Desgostoso com a ditadura implantada pelo Estado Novo, em 1937, com o que Getúlio Vargas confirmou Nereu Ramos na Interventoria Estadual de Santa Catarina, optou por permanecer em terras rio-grandenses, vindo a prestar serviços em Júlio de Castilhos, de agosto de 1938 a setembro de 1940. Em seguida, o Dr. Leônidas Coelho de Souza foi nomeado Diretor de Obras Públicas do Município de Montenegro, cargo que exerceu de 10 de setembro de 1940 a 8 de fevereiro de 1943.

     Conforme o processo nº 6507/1943, da Secretaria do Interior, a 28 de julho de 1943, o Sr. Miguel Tostes, Interventor Federal Interino do Estado do Rio Grande do Sul, nomeou o Engenheiro Agrônomo Leônidas Coelho de Souza, como Prefeito Municipal de Bom Jesus. Ele exerceu o cargo de 11 de agosto de 1943 a 19 de maio de 1945. Nesta gestão, em 1944, ele foi o principal articulador do projeto que culminou com a criação da reserva natural, entre Bom Jesus e Cambará do Sul.

     No final do Estado Novo, o Engenheiro Leônidas Coelho de Souza foi nomeado Prefeito Municipal de Marcelino Ramos - RS, pelo Interventor Federal, General Ernesto Dornelles, ato assinado a 21 de maio de 1945, conforme o processo nº 4459, exercendo o cargo de 8 de junho a 16 de novembro de 1945, sendo, em seguida, confirmado pelos Interventores no Estado, Dr. Samuel Figueiredo e Silva, Cylon Rosa e Walter Só Jobim, conforme o processo nº 12280, para o período de 22 de dezembro de 1945 a 5 de dezembro de 1947, assim passando pelo período da Redemocratização do País.

      Com a família, voltou a Bom Jesus e, depois de residir seis meses no Rio de Janeiro, passou a atuar no Serviço Público Federal, no Ministério da Agricultura, quando, em junho de 1949, foi nomeado pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra para ser Superintendente da Colônia Agrícola Nacional General Osório – CANGO, do Ministério da Agricultura, em Marrecas (hoje município de Francisco Beltrão), no Paraná, autarquia federal, que havia sido formada em 1943 para reorganizar a colonização da gleba “Missões”, exercendo o cargo até 1952. Neste tempo, promoveu a colonização de terras também no município de Cascavel. Em seguida, trabalhou em Curitiba e em Porto Alegre, quando pleiteou chefiar o Parque Nacional do Iguaçu.

     Funcionário do Ministério da Agricultura, de 1957 a 1959, voltou a trabalhar em Erechim – RS, onde foi Diretor do Posto Agropecuário do Ministério da Agricultura, retomando a direção da Escola de Iniciação Agrícola (depois Escola Agrotécnica Federal), quando então, com 70 anos, recebeu aposentadoria compulsória pela idade. Voltou a Bom Jesus e em 1963 mudou-se para Vacaria, ali permanecendo até 1969, quando então fez sua última mudança, indo residir em
Caxias do Sul.

     Em primeiras núpcias, Leônidas Coelho de Souza casou com Helena (Neli) e teve os filhos: Luiz Albano (nascido em Santa Maria a 05/04/1916), Newton Fontoura (nascido em Santa Maria a 03/07/1917), Clinton (nascido em São Jerônimo a 10/09/1918), Bairon (nascido em São Jerônimo a 18/10/1920), Gladis (nascida em Montenegro a 24/06/1922), Percival (nascido em Santa Maria a 04/09/1925), Glower (nascido em Passo Fundo a 11/04/1928, médico, casado com Amélia e falecido em Curitiba a 19/11/2009 aos 81 anos de idade) e Marco Antonio (nascido em Caçador a 16/07/1934). 

     Casou em segundas núpcias com Selma Castello Branco, e teve dois filhos, Carlos Augusto Coelho de Souza Sobrinho (zootecnista, nascido em Marcelino Ramos a 15/06/1946) e Maria Helena (professora, nascida em Bom Jesus a 02/09/1948). Leônidas Coelho de Souza faleceu em Caxias do Sul, onde residia, no dia 31 de janeiro de 1976, aos 87 anos de idade, vítima de enfarto do miocárdio.

     A História do Município de Caçador – por nós em permanente construção – registra apenas que seu primeiro Prefeito, nomeado, “foi o Sr. Leônidas Coelho de Souza, que assumiu a 25 de março de 1934 e deixou o cargo em 1935”. A referência é assim: simplista. Quando Prefeito, Jucy Varella sancionou lei, denominando de “Leônidas Coelho de Souza” uma escola multisseriada do interior, no Distrito de Macieira, local que passou ao Município de Macieira quando emancipado de Caçador. Só em março de 1973, quando dos festejos alusivos ao 39º aniversário da emancipação política e administrativa de Caçador, na gestão de Moysés Comazzetto e Luiz Francisco Faltêncio Paganelli, por iniciativa do ex-Prefeito Jucy Varella, foi que a Câmara Municipal, em sessão especial, prestou homenagem pública ao então já octogenário Sr. Leônidas Coelho de Souza, que faleceu três anos depois.

(Baseado em texto de Nilson Thomé, redigido em março de 2013)

RESUMO:
- Engenheiro Agrônomo;
- Coronel da Guarda Nacional e Chefe de Estado Maior de Batalhão do Exército;
- Revolucionário Getulista;
- Construtor de estradas e colonizador de terras no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná;
- Vereador em Montenegro – RS;
- Vereador em Chapecó – SC;
- Prefeito Municipal em Caçador – SC;
- Prefeito Municipal em Bom Jesus – RS;
- Prefeito Municipal em Marcelino Ramos – RS;
- Interventor em Cruzeiro (atual Joaçaba) – SC;
- Deputado Estadual em Santa Catarina (não chegou a assumir)
- Em, 1934 ele liderou o movimento pró criação do Município de Caçador, no Centro Oeste do Estado de Santa Catarina, do qual veio a ser seu primeiro Prefeito.