segunda-feira, 28 de março de 2016

Travessa Elvino Moreira


     Um segundo projeto de lei de nossa autoria que foi a votação no final do mês de fevereiro foi o da denominação da "Travessa Elvino Moreira", na área central de nossa cidade. 

     Denominando a pequena via que liga a Rua Osório Timmermann com a Rua Benedito Ponciano, dando acesso ao Parque Central, a referida via faz parte da malha viária de nossa cidade desde o ano de 2012, servindo como importante ligação de tráfego. 

     A homenagem faz referência a um dos personagens de nossa cidade de Caçador, que aqui viveu por 65 anos. 

     Elvino Moreira nasceu em Três Barras - SC, em 30 de julho de 1924. Filho de Arlindo e Maria Augusta Moreira.

     Trabalhou na Madeireira Lumber e serviu o Exercito Brasileiro no Rio de Janeiro, vindo para Caçador em 1947. Barbeiro de profissão desde esta data, tinha orgulho da profissão que escolheu e dizia: “Não deu para ganhar dinheiro, mas para viver e criar os filhos com dignidade”.

     Politizado, sua escola foi o PSD e o “Getulismo”, e conservava a Carta Testamento do ex-presidente em um quadro. Eleito suplente de vereador, assumiu uma vaga na Câmara por determinado tempo, na gestão do ex-prefeito Carlos Alberto da Costa Neves.

     Afirmava amar esta cidade, e por muitas vezes auxiliou a polícia voluntariamente. Aconselhava aos que chegavam ao seu salão para conversar: “Muito estudo, trabalho e honestidade, sem estudo não se consegue um lugar ao sol”.

     Casado com Noêmia Bento Moreira, pai de seis filhos, fez de sua vida um projeto de muita esperança. Dinâmico e alegre, tinha sempre uma palavra amiga aos que se acercavam dele.

     Faleceu com 87 anos, no dia 3 de março de 2012.

     Por iniciativa da família, parte dos pertences de seu salão de barbeiro foram doados ao Museu do Contestado, fazendo parte de seu acervo.

     Quando de seu falecimento, a escritora caçadorense Ivana Coldebella, sua vizinha, escreveu a seguinte homenagem, publicada em jornais de nosso município:

RUA CARLOS SPERANÇA

Quanto dura uma vida? O tempo necessário para fazermos as malas e esperarmos os segundos que nos separam da eternidade. Para uns o caminho é mais curto, para outros mais longo se faz, mas o que importa realmente é estarmos prontos, na estação, esperando o apito do trem da vida que nos convida a viajar. 

O que nos será cobrado? Apenas: "Filho, quanto você amou?" e poderia o Amor Absoluto querer mais do que: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei"? O triste da partida são aqueles que ficam sem chance de adiantar sua viagem e partir com o amado ou amada.

"Seu Moreira" comprou um bilhete com o número 87: oitenta e sete anos de parada na estação terra, para ganhar com sua partida a Eterna e Verdadeira Vida. Não se despediu, foi aos poucos se achegando à estação, decaindo, cansando destes ilusórios dias; seu coração batia mais fraco, suas mãos já não manuseavam com a mesma maestria as amigas tesouras e navalhas, ele simplesmente cansou e sentindo que era hora de partir fechou sua famosa barbearia.

Sábado passado foi colocado uma tarja preta na porta do oficio que ele tanto amou. A Rua Carlos Sperança silenciou em sinal de respeito e gratidão. Infelizmente seu coração parou às 11 horas da manhã e ele levantou do seu leito de hospital e voou rumo à luz que veio convidá- lo a conhecer outro lugar onde só existe paz, alegria e muito amor.

Deixa em nossos corações a alegria de havê-lo conhecido; a alegria de ter com ele convivido, conversado, rido, confidenciado e o encantamento de suas aventuras nas estórias de sua vida.

Quem o via falar grosso não conhecia a ternura imensa que levava em seu coração, nem as dores pela perda de uma filha, nem a divisão de seus amores. Via apenas a roupagem que cobria o devoto de Nossa Senhora Aparecida.

Seu Moreira, querido amigo, que eternamente a paz habite sua alma; na nossa fica a saudade do maravilhoso amigo e querido vizinho. Quem sabe, um dia qualquer, de um mês qualquer, de um ano qualquer ouça o assovio chamando para o café, e irei sorrindo, tranquila, feliz por poder revê-lo e àqueles que em vida tanto amei. Até este dia, Seu Moreira, e obrigada por ter feito parte da minha vida e da minha infância.

Ivana Coldebella